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Eleitos e escolhidos, Mário Castrim

    Mais uma crónica do Mário Castrim, publicada no Diário de Lisboa, sob o título Lisboa, verbo amar:     Aquele meu amigo disse que por acaso conhecia uma história de amor passada em Lisboa.     E vai, contou. "Era uma vez eu. Andava aí pelos quarenta anos. Tinha exactamente quarenta e dois, para ser exacto em tudo. "Nesse tempo, já eu fazia a inspecção das sucursais. Vinha de regresso a Lisboa, de comboio, em primeira classe. Saía do bolso à companhia, entendes... "No compartimento viajava apenas uma senhora. Desculpa não te dizer como era ela. Dir-te-ei que era doce, calma, tranquilizante como um Valium 10. Perguntei: "Posso fumar?" "Pois como não"respondeu. Palavras que me chegaram ao coração como um foguete de três respostas de mel. "Duas pessoas só, acabam por não suportar o silêncio. Os trópicos estoiram.O que duas almas podem conversar, rapaz!Antes do dilúvio, quando rebentaram as comportas do céu devia ser assim. "Sabíamos ...

Lisboa,verbo amar

     Há muitos anos atrás (20,25?) o Diário de Lisboa publicou várias pequenas histórias do Mário Castrim, sob o título comum "Lisboa, Verbo amar". Recortei-as e guardei-as - pelo menos uma parte delas -. A mestria da escrita, concisa, exacta e, simultaneamente, emotiva, surpreendia e contrastava com o restante conteúdo do jornal. Imaginá-las nas nossas ruas dava-lhes outro encanto.     Para quem não as leu, para quem as leu e já esqueceu e também para quem leu e tem saudades de reler, aqui vai uma: Tinha de fazer as pazes com a Gisela.Uma estupidez, tudo aquilo. Como é que ele pudera...Era forçoso pedir-lhe desculpa, as últimas palavras dela ocupam-lhe a memória toda:"Estou na pensão até às oito. Espero um telefonema. Senão, vou-me embora. E não te quero ver mais." Faltava um quarto de hora. Procuro uma cabina. Aquela ao pé da estátua do Camilo Castelo Branco. Ocupada. Espero. Coitado do Camilo, o capote pelos ombros, para não encarecer a mão-de-obra. Pas...