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A mostrar mensagens de abril, 2010

Primavera Adiada, de Carlos Ademar (Oficina do Livro)

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    Centrado em Marta, uma jovem natural de Évora, que procura encontrar-se como mulher num país definido pela ameaça constante de um governo ditatorial, chega-nos o romance “Primavera Adiada” de Carlos Ademar.     A história segue o percurso desta personagem desde que o namorado a deixa para fugir de uma Guerra Colonial em que não acredita, até à sua vida em Lisboa, quando vai estudar para a Faculdade de Letras, onde acaba por ficar a trabalhar e procura redefinir a sua vida.     Todas as personagens que com ela se cruzam e que determinam mais um traço do seu crescimento, emocional e ideológico, são descritos e dados a conhecer ao leitor de uma forma fluida e agradável que estimula uma leitura inebriante e que mal nos deixa pousar o livro.     Desde as diferenças de ideais políticos entre a sua família e a do seu primeiro namorado, às amigas e colegas que, clandestinamente, contribuíam para a oposição, todos quantos com ela travam conhecimento, fascinando-a – ou não – por

"Aproveita o dia", Saul Bellow (Texto Editores)

A minha estreia com Saul Bellow. Diz na contracapa do livro que o autor foi o único escritor a vencer o National Book Award por três vezes, tendo sido galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1976. O livro decorre num dia apenas. A personagem central é um homem de meia idade, divorciado, desempregado e que vive num quarto de um hotel. O pai dele, um médico velho reformado, vive no mesmo hotel, cujos quartos são em grande parte ocupados por residentes permanentes. A personagem central vive um dia alucinante, entre pedidos de dinheiro ao pai, telefonemas da ainda mulher a pedir-lhe dinheiro e perdas na bolsa. Pelo meio, as lembranças do casamento e da separação, do falhanço da relação que se seguiu, a sua carreira fracassada de actor e, finalmente, a perda do emprego. O investimento na bolsa deu-lhe a esperança de pagar as dívidas e de recuperar a auto estima, pelo que a perda foi o fim dos sonhos bem como a confirmação que mais uma vez tinha ignorado os conselhos do pai que, co

Todo-o-mundo, Philip Roth (Dom Quixote)

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    Conheço mal a obra de Philip Roth. Todo-o-mundo não me desiludiu, lê-se num fôlego só, mas quando o fechamos sentimos um travo amargo por todo o corpo. O livro trata da decadência do corpo e da proximidade da morte. É uma história narrada na terceira pessoa - ele - que vai convivendo com perdas físicas irrecuperáveis a que se associam problemas, sobretudo do coração, que o obrigam a internamentos frequentes. A doença, a proximidade da morte causada quer pela sua doença, quer pela doença e morte de conhecidos, leva-o a recordar a sua infância, a família - pais e irmão - a morte dos pais, os seus três casamentos falhados, a relação difícil e culpada com os filhos do seu primeiro casamento e a ligação que mantém com a filha, única âncora afectiva da sua velhice.     Todos estes elementos estão logo presentes na abertura do livro, que se inicia com o seu funeral.    A dada altura, num funeral, encontramos este diálogo que sintetiza o livro e que nos persegue durante e após a su