O Que Fazem Mulheres, Camilo Castelo Branco (Edições Caixotim)

    Que dizer deste livro?
   Foi a minha estreia com Camilo e é certo que li o livro de uma assentada. Diz o autor tratar-se de um romance filosófico. Pois decerto terá algumas reflexões - que, para mim, fazem parte do encanto do livro: o autor comenta a estória à medida que a conta, sendo que a revela como se se tratando de um caso verídico. É difícil acreditar que o seja, tão desmesuradamente exploradas estão as personagens, que chega a um ponto ridículo a sua descrição, fisionómica ou de carácter. Ainda que divertida pelas interrupções que o autor cria, a estória é um drama melancólico, daquelas novelas romanceadas que se leriam. A personagem principal, Ludovina, é descrita como uma santa de carácter e inabalável virtuosidade. Tanta que enjoa. E o autor insiste em todo o livro em como esta é verídica e em que as leitoras - sim, ele dirige-se essencialmente a um público feminino - acreditem que ela é verdadeiramente assim. Esta ideia é a última a ser sublinhada no final do livro:

    Ludovina continua a ser a flor da criação, o espelho de infelizes, o elo que prende a criatura ao Criador, o anjo que chora, esperando que os anjos a levem deste desterro.

    A maior dificuldade no livro é para decifrar algumas das passagens, sobretudo a aquando das reflexões do autor, pois trata-se de uma escrita arcaica e com um palavreado muito denso. De qualquer modo, os diálogos são belíssimos, para quem aprecia os trejeitos da literatura e linguagem da época.

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