As mãos desaparecidas, Robert Wilson (Dom Quixote)

Que saudades eu tinha de um bom romance policial. Javier Falcon, detective de homícidios,investiga uma sucessão de mortes. Na investigação, cruzam-se os grandes eventos mundiais dos últimos anos: o 11 de Setembro (que inicialmente pensou tratar-se do atentado às torres gémeas e só depois se percebeu tratar-se do golpe chileno conduzido por Pinochet), o atentado a Olof Palme, a máfia russa, a imigração, o tribunal penal internacional...
Cruzam-se ainda crimes que têm irrompido com grande dimensão e ignorado fronteiras, como a pedofilia (também no livro se fala em criminosos conhecidos, como um famoso locutor), a corrupção e o tráfico de seres humanos.
E no meio disto tudo, Javier continua a seguir o processo de psicoterapia, a recuperar do divórcio, a apaixonar-se, contaminando o livro com pensamentos pessoais e emoções que, em regra, não estão presentes em livros policiais.
Um exemplo é a afirmação da sua psicoterapeuta, Alicia Aguado: "Mesmo depois de todos estes anos continuo pasmada com o poder aterrador da mente. Temos esse organismo instalado nas nossas cabeças, o qual, se o deixarmos, pode destruir-nos ao ponto de nunca voltarmos a ser os mesmos...e, no entanto, é nosso, pertence-nos. Não fazemos ideia daquilo que nos assenta sobre os ombros."
As Mãos Desaparecidas ganhou o prémio Gumshoe para o Melhor Romance Policial Europeu, em 2006.

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