As Serviçais, Katryn Stockett (Saída de Emergência)

    Depois de o filme ter estado no Cinema e de me dizerem o quão bom era, decidi ler o livro que lhe deu origem - As serviçais, de Kathryn Stockett. Há muito que um livro não me prendia de semelhante forma. A despeito das suas 463 páginas, devorei-o em três dias - simplesmente não o conseguia pousar; precisava de saber o que se seguia.
    Contado pelas vozes de Aibileen, Minny e Skeeter, são-nos dadas a conhecer as vidas das empregadas Negras no interior da América, durante o período de segregação racial, bem como das suas patroas - permitindo-nos entrar naquele tempo e aceder a um pouco da sua realidade.

    Aibileen, a mais velha das três, trabalha ma casa dos Leefolt sendo que a sua habilidade é maior para tomar conta de crianças. Tendo perdido o filho, no final da juventude deste, Aibileen tem uma grande mágoa dentro de si, mas nem por isso deixa de dar todo o amor que tem à pequenina Mae Mobley Leefolt, desejando que esta não se torne igual a todas as demais crianças que criou e que, chegadas à idade adulta, como que esqueceram Aibeleen que as criara e amara, para passarem a ver apenas uma criada de cor.

    Minny é descrita como o pior pesadelo que se pode ter como criada - não sabe manter-se calada quando se sente injustiçada. Trabalhando inicialmente para a mãe de Hilly Holbrook, acaba despedida e sem conseguir encontrar outro emprego graças à atrocidade que fez a Hilly (e que durante a maior parte do livro apenas nos é dada a conhecer como a A Coisa Terrivelmente Feia). Finalmente consegue trabalho com Celia Foote, graças à ajuda de Aibileen e a sua relação com esta nova senhora, desesperada por se integrar na sociedade, vai acabar por se tornar quase como que uma amizade.

    Eugenia "Skeeter" Phelan estudou com Hilly Holbrook e Elizabeth Leefolt. Ao contrário das amigas, não se casou nem assentou como dona de casa. Aspirante a jornalista, inspirou-se na ideia do filho falecido de Aibileen e começa a procurar dar a conhecer o ponto de vista das empregadas negras na sociedade, pretendendo escrever um livro com entrevistas, mantendo o anonimato das suas interlocutoras e das famílias para as quais trabalham. Toda a sua vida muda com este projeto e apenas a sua preserverança  e o saber que está a fazer algo correto a impedem de ir ao fundo.

    Todas as personagens são incrivelente completas e vivas, algo que, em meu enteder, falta à maior parte dos romances de hoje em dia.
    Aconselho vivamente.

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