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A mostrar mensagens de junho, 2013

Prémio Camões

   Mia Couto é o vencedor da 25.ª edição do Prémio Camões (2013) que distingue um autor da literatura portuguesa.    O Prémio Camões foi criado em 1988 por Portugal e pelo Brasil para distinguir um autor de língua portuguesa que, " pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum ".        Inquestionavelmente, Mia Couto, o autor e a obra, enquadram-se neste descritivo.    Deixem-me roubar algumas partes da deliciosa entrevista, conduzida por Luís Miguel Queirós, e que foi publicada no Ípsilon de 7 de junho:    Aliás, penso-me pouco como escritor. Os meus melhores momentos na literatura aconteceram quando não fui escritor. A escrita é uma casa que visito mas onde não quero morar com receio que ela me devore.(...)    Eu tenho sempre a ansiedade do próximo romance. Não existe para mim carreira quando se trata de escrita literária:começa-se sempre do zero, desarmado e frágil como um

Manon Lescaut, Abade Prévost (Verbo - Livros RTP)

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    O primeiro dos romances que trabalharei no curso on-line, Manon Lescaut data de 1731 e é um daqueles romances sobre uma paixão arrebatadora, que ultrapassa os escrúpulos, os valores e, em bom dizer, todo o bom senso. Trata-se do amor entre o Cavaleiro des Grieux e Manon Lescaut, paixão à primeira vista e que maioritariamente parece unilateral, tais são as traições contínuas dela, que não lhe causam a ele mais nada que tortura e situações embarçosas.     O amor tornou-me demasiado afetivo, demasiado apaixonado, demasiado fiel e talvez demasiado complacente para com uma amante tão encantadora, eis os meus crimes.    Mas os crimes dele não são só estes; executa crimes verdadeiros, desde burlas a homicídios, tanto incitados por ela como pela sua paixão por ela.     Amor, amor!(...), não te reconciliarás jamais com a sensatez?     É um livro bonito, com um uma linguagem muito datada.

Madrugada suja, Miguel Sousa Tavares (Clube do Autor SA)

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  O Joaquim ofereceu-me este livro de surpresa. Comecei a lê-lo de imediato e, devo confessar, que o li compulsivamente. A leitura compulsiva não evita porém que sintamos alguma deceção.    O livro, anunciado como romance, parece escrito por diferentes mãos, como se pode ver nestes excertos:    Porque hoje eu sei que só morrem verdadeiramente aqueles que, depois de mortos, nós conseguimos matar também. E nada é pior do que um morto vivo, habitando lado a lado com os que não morreram e tiveram a coragem de tentar viver para além da morte dos que amavam ( pg 100 ). e    Todos estavam endividados, mas felizes: o Estado, as autarquias, os cidadãos. Todos viviam em casa própria, mas que, de facto pertencia ao banco que lhes emprestara dinheiro a 30 anos e também emprestara para as férias no Brasil, Cuba, República Dominicana, mais o carro e os brinquedos electrónicos dos filhos (pg 203).   A 1ª parte, A aldeia, corresponde à escrita mais romanceada e às personagens com maior

Desgraça, J.M. Coetzee (Leya - Bis)

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     Outro dos livros do curso online .    Vencedor do Man Booker Prize em 1999 e Prémio Nobel da Literatura em 2003, foi o único livro de Coetzee que li.     O livro segue David Lurie, um professor de Comunicação da Universidade Técnica de Cape, na Cidade do Cabo. Tem 52 anos e uma paixão na vida: mulheres. Quando se envolve com uma aluna e ela apresenta queixa, David é convidado a demitir-se, apesar das tentativas de ajuda dos seus colegas.      «O crânio e depois o temperamento: as duas partes mais duras do corpo.»   Vai viver com a sua ilha, Lucy, na propriedade desta em Grahamstown. A sua vida e até a sua atitude perante ela mudam substancialmente, sobretudo depois de um incidente de absoluta violência que recai sobre ambos.     A relação que tentavam restabelecer como pai e filha, vivendo juntos, mas ambos na idade adulta, desmorona-se.      «- Então ajuda-me. Trata-se de alguma espécie de salvação privada que estás a tentar obter? Esperas poder expiar os crimes do pa