Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2013

Mil dias em Veneza, Marlena de Blasi (Livros d' Hoje)

Imagem
     Fui à Livraria do Viajante para comprar uma prenda para os meus pais que os convencesse a marcar a viagem desejada a Veneza, mas que ia sendo sempre adiada. A minha ideia era comprar um guia que fosse diferente do habitual e foi assim que acabei por comprar o livro Mil dias em Veneza, que ostenta na parte superior da capa a indicação que se trata de "Uma história de amor irresistível - USA Today".     É um excelente livro de férias, mas penso que a sua leitura será mais irresistível se estivermos em Veneza ou a preparar uma viagem a Veneza. Uma história de amor entre uma americana e um veneziano, ambos de meia idade e já sem compromissos familiares  ou profissionais que os prendam a lugares. A dada altura ela pergunta-lhe se ele não preferia tê-la conhecido quando eram jovens e ele responde-lhe que não a teria reconhecido então.     É um livro sem os lugares comuns habituais, pois ela designa-o sempre de o estranho e pouco se fala de paíxão. A serenidade da idade

A irmã de Freud, Goce Smilevski (Alfaguara)

Imagem
    Na contracapa do livro somos confrontados com a questão: «Terá sido Sigmund Freud responsável pela morte da irmã num campo de concentração?». Aparentemente, aquando da invasão Nazi da Áustria, Freud recebeu um visto para poder fugir para Londres, podendo nomear quem iria com ele. Freud assentou 16 nomes, que incluíam o do seu cão, mas deixou para trás as quatro irmãs que viviam na Áustria. É pela voz de Adolfine, com a qual tinha relação até próxima, que nos é contado este episódio, com algumas passagens acusatórias relativamente ao irmão:         No seu sangue, onde não havia lugar para escolhas, ele era judeu. Mas onde as escolhas podiam existir, ele escolhera a cultura alemã. (...) Antes do término da sua vida, afirmou: «A minha língua é o alemã. A minha cultura e os meus êxitos são alemães. A nível intelectual considerei-me alemão até me dar conta da proliferação de preconceitos anti-semitas na Alemanha e na Áustria. Desde então prefiro declarar-me judeu.»     O Sigm

O Chalet das Cotovias, Carlos Ademar (Parsifal)

Imagem
        Foi com pena que virei a última página deste livro. Tenho sempre algum receio dos livros que se baseiam em factos reais, em regra históricos. O fascínio que sentimos ao ler a história que dá origem ao livro, é, frequentemente, reduzido pela envolvente criada pelo autor/a. Como se houvesse receio de inventar personagens e diálogos, adicionando aos factos reais a necessária ficção que lhe dê corpo, substância e credibilidade.     Não é o caso deste livro. Partindo de factos reais, o autor cria uma história, em que quase acreditamos, porque ficção e realidade entrelaçam-se de uma maneira tão perfeita que temos dificuldade em descobrir as fronteiras.       A acção decorre no início dos anos 30, em Portugal. O Estado Novo consolida as suas instituições e vai consolidando a sua acção repressiva. A sociedade (o que atualmente designaríamos de sociedade civil) é atrasada, mesquinha e cheia de preconceitos. A liberdade sentida durante a primeira república é sufocada, a nível fam

A Senhora dos Rios, Philippa Gregory (Civilização Editora)

Imagem
    O terceiro volume sobre a Guerra das Rosas mas que, na verdade, é o primeiro. Este romance termina precisamente no momento em que começa a 'A Rainha Branca' , sendo a história da mãe de Isabel Woodville (depois Isabel Grey e, mais tarde, Isabel Iorque, Rainha da Inglaterra), Jacquetta do Luxemburgo (depois Jacquetta Lencastre, Duquesa de Bedford e, mais tarde, Jacqetta Woodville, Lady Rivers).     A autora escreve, nas suas notas finais:   Passei a minha vida como historiadora de mulheres, do seu lugar na sociedade e da sua luta para alcançar o poder. Quanto mais lia acerca de Jacquetta, mais ela me parecia o tipo de personagem que eu aprecio particularmente: alguém que é ignorada ou negada pelas histórias tradicionais, mas que pode ser descoberta através dos testemunhos. (...) O motivo pelo qual nunca foi estudada constitui um mistério para mim. Mas ela faz parte daquela vasta população de mulheres cujas vidas foram ignoradas pelos historiadores, a favor das dos h

Viver na noite, Dennis Lehane (Sextante Top)

Imagem
   Não sei o que me levou a escolher este livro para leitura primeira das férias. Talvez a atração tenha resultado das saudades que sentia da leitura de policiais, talvez de saber que se trata do mesmo autor de Shutter Island e Mystic River - dois livros que não li, penso que aliás não foram editados em Portugal, mas que deram origem a dois excelentes filmes.    Temporalmente, passa-se entre a grande depressão e o início da segunda guerra e a ação decorre sobretudo na Florida e em Cuba.    O ambiente é o da noite ( A noite - disse Joe. - Sabe demasiado bem. Se vivermos de dia, temos de obedecer às regras deles. Portanto, vivemos da noite e fazemos as nossas regras. ), da lei seca, do Ku Klux Khan, da máfia e dos gangster, mas também da família e do amor. E sobretudo da quase normalidade do dia a dia quando tudo isto é quotidiano. A traição constante convive com a  lealdade de alguns, deixando uma incógnita constante entre as pessoas.    O protagonista principal, filho de políc

The Devil Who Tamed Her, Johanna Lindsey (Corgi Books)

Imagem
   Fiz uma viagem a Espanha e, para regressar, ia fazer uma viagem de dez horas de autocarro, e acabei o livro que tinha comigo ( A Rainha Vermelha ). Infelizmente, não sei ler espanhol, mas precisava de um livro para me entreter na viagem. Na estação de autocarros havia uma banca de livros e uma das filas era constituída por livros em inglês. As opções eram escassas - clássicos que já tinha lido ou tinha em casa, investigações de homicídios ou este livro. O único romance; verdadeiro romance de cordel. Pareceu-me uma leitura simples e agradável para a viagem.      Não é uma boa escrita, certamente nunca receberá prémios ou menções  por isso. É uma leitura simples, um romance também simples. Seguimos Ophelia, a mais bela jovem da Época, que procura marido. No entanto, é extremamente altiva e fria, não tem amigos, e tem uma relação atribulada com o pai, que sente que apenas a usa para subir na sociedade, através de um casamento vantajoso da filha. Seguimos também Raphael que herdará o

A Rainha Vermelha, Philippa Gregory (Civilização Editora)

Imagem
   Este romance consiste, basicamente, no outro lado da Guerra dos Primos. Pensei que seria uma continuação de "A Rainha Branca" mas passa-se no mesmo período, apesar de começar um pouco mais cedo (1453) e terminar com a vitória do que se tornou o Rei Henrique VII.      [Para mais detalhes sobre o período histórico ver o comentário sobre 'A Rainha Branca' ]     Desta vez seguimos Margarida Beauford (nome de solteira), a herdeira da casa Lencastre, extremamente devota, cujo único filho com Edmundo Tudor, o seu primeiro marido (quando tinha apenas 13 anos!), viria a ser Rei Henrique VII, herdeiro das casas de Lencastre e de Tudor.     Considerei-o mais fraco que o anterior, mas, mais uma vez, lê-se bem. São boas leituras para férias.

Rumo ao farol, Virginia Woolf (Relógio d'Agua)

Imagem
   Ler este livro de Virginia Woolf não é tarefa fácil, embora nos deslumbre desde o início. É como seguir a tecitura de uma renda de bilros minuciosamente feita.    O livro, embora tenha como título e ação principal a vontade de rumar ao farol do filho mais novo do casal Ramsay, só concretizada anos mais tarde, acompanhado apenas por uma irmã e pelo pai, por quem nutre um sentimento ambíguo entre a raiva e a admiração, é um livro sobre relações familiares e o papel das mulheres.    Duas mulheres ocupam o palco, Mrs. Ramsay, uma mulher lindissima, casada, mãe de oito filhos e Lily Briscoe uma pintora solteira, amiga da família. Mrs. Ramsay é o centro à volta  do qual tudo gira, os filhos, os amigos, o marido, as empregadas. Dela, nunca saberemos o nome próprio, como se através do casamento o tivesse perdido, sendo incorporada num colectivo, em que só aparentemente ela perdeu a identidade, que mantém através do pensamento e das cartas que redige. (« Vinham estonteadamente ter com e