A Varanda das Gardénias, Sandra Sabanero (Difel)

    É tão bom apaixonarmo-nos por um livro; aquela paixão que nos faz ler em qualquer lugar, sempre que podemos, ao mesmo tempo que vamos medindo o volume de folhas que falta, com receio de nos estarmos a aproximar do fim.
    Foi o que me aconteceu ao ler A Varanda das Gardénia. Adorei as personagens, as suas histórias, a narrativa e a sua construção. Ri-me, chorei, indignei-me, ou fiquei apenas embevecida em determinadas passagens. Que mais se pode pedir? É uma história de amores, diversos amores, amores verdadeiros. Amores apaixonados e amores familiares.
    Começa com o amor de Magdalena e Juan e a forma como ela fez perder a cabeça a um homem que nunca pensou casar-se. Casam e têm uma filha e, mais tarde, apadrinham um menino - Rebeca e Ezequiel, respetivamente.
    Ao fim de alguns anos, Juan é acusado de um crime que não cometeu e após um ano em fuga, acaba por morrer. Magdalena perde temporariamente o juízo com a dor; a filha, Rebeca, vai formar-se para Lugarana, ficando a cargo da ríspida tia, e passamos a segui-la maioritariamente a ela durante o resto do livro: o seu amor por Patrick, um americano, e como são separados por causa da tia. Apenas com 17 anos e tendo já perdido o pai, Rebeca passa por muitas provações associadas à perda deste amor.
    No entanto, tanto ela como a mãe reemergem e fazem por refazer a vida. Já Ezequiel tem de fugir para Santa Clara, quando descobrem na aldeia que ele é homossexual. Também ele passa por horrores, mas os dele deixam sequelas físicas, além das da alma, como as da irmã e da madrinha (a quem trata por mãe).
    E ainda há toda uma trama envolvendo política e intrigas que acaba por se relacionar com a família Dominguez, nomeadamente com o falecido Juan.
    É extremamente rico. Gostei mesmo muito!

(...) prometeu a si própria unca mais voltar a brigar por ninharia, pois cada minuto de ralação era um minuto de vida perdida e ela é tão gostosa que teos de aproveitá-la, sem nos determos em insignificâncias. Agora sabia o quanto valia sentir o seu olhar amoroso, acalentando-a como o sol do entardecer, a quentura do seu corpo na cama, os seus braços protetores, a doçura das palavras que lhe sussurrava ao ouvido. Ambos constituíam os pilares do lar, eram como um só. Se faltava um deles a casa oscilava, não tinha firmeza. Eram como a terra e a chuva, cada um tinha o seu valor próprio, mas os dois eram insispensáveis para que a semente desse frutos, para que houvesse vida. Como estranhava a sua ausência!

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