Por favor cuida da mamã, Kyung-Sook Shin (Porto Editora)



   Li este livro por sugestão da minha irmã, mais curiosa por livros de autores de países longínquos. Num mundo crescentemente globalizado, os livros permitem preservar a especificidade das diferentes culturas e, ao mesmo tempo, que os leitores, de diferentes latitudes e longitudes, atalhem caminho e mergulhem numa realidade distinta daquela que constitui o seu quotidiano. Mas, salvaguardadas as diferenças, permanecem sempre muitas semelhanças, sobretudo que no que toca as relações familiares e afetivas.  
    O livro é curioso quer pela estrutura da obra, quer pela opção de narrar a história utilizando a segunda pessoa do singular: A família está reunida na casa do teu irmão mais velho...No princípio pensamos que se trata da mãe, que vai assistindo à busca que os filhos e o marido encetam à sua procura. Mas depois percebemos que esta opção confere maior proximidade ao narrador.          
    A história é simples: Park So-nyo, casada, mãe de 5 filhos adultos, vai com o marido a Seul. Na estação de metro perde-se do marido quando este entra no metro e ela, que seguia atrás dele, não entra. O livro começa com os filhos a prepararem um folheto para a procurarem e a perceberem quão pouco conhecem a mãe. Mais grave que desconhecerem o ano exacto do seu nascimento, é o facto de terem permitido que ela se dissolvesse e ignorado o facto de ela ter uma vida e interesses distintos para além de tratar do marido e dos filhos. Por isso a procura da mãe é a descoberta da sua vida, dos seus prazeres mas também dos seus sofrimentos. E a percepção da falta que faz e de muito ficar por lhe dizer.
    Um livro curioso e que nos faz reflectir sobre a forma como nos relacionamos com os outros e, em particular, com a nossa mãe.

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