Os Interessantes, Meg Wolitzer (Teorema)

Apesar de seguirmos um pouco as estórias de todos eles, o foco maior é sobre Jules. Julie, quando o romance começa, que integra o campo de férias no âmbito das artes, Spirit-in-the-Woods, por ter conseguido uma bolsa, e onde conhece o grupo de amigos que fará parte do resto da sua vida - Os Interessantes. No fundo, são jovens que se crêem artistas e que esperam de si mesmos grandes feitos, em diferentes áreas: teatro, animação, música, dança. E no entanto, como quase tudo o que planeamos para as nossas vidas, quase nenhum deles alcança esse sonho.
Em breve, ela e os outros seriam irónicos durante grande parte do tempo, incapazes de responderem a uma pergunta inocente sem carregarem as palavras com um pequeno ajuste mordaz. Passado relativamente pouco tempo, a mordacidade haveria de se atenuar, a ironia misturar-se-ia com a seriedade e os anos encurtar-se-iam e voariam. Depois não faltaria muito para que todos se sentissem chocados e tristes por terem crescido por completo e chegado às pessoas adultas mais densas e finalizadas que eram, praticamente sem hipótese de se reinventarem.
Não é, no entanto, um livro triste ou amargo. Não se trata de um retrato de pessoas revoltadas ou desiludidas com a vida. Também passa por aí; todos passamos. Mas é mais do que isso. É um livro sobre a vida, sobre como o mundo à nossa volta vai girando sem se vergar às nossas vontades e como temos de ser nós adaptar-nos (e conseguimos!). Sobre como tanto do que somos, do que nos move, do que aspiramos, guardamos para nós mesmos, escondemos dos outros, mesmo dos que nos são mais íntimos. E é também como, na realidade, não mudamos assim tanto desde que somos crianças e, pelo contrário, mantemos sempre em nós, mais ou menos acesos, os mesmos desejos, os mesmos traumas, a mesma busca incessante ("...faz tudo o que faz de ti quem és. (...) É tudo o que temos, não é? Que mais existe, para além de basicamente construirmos coisas até ao dia em que morrermos?"). Por fim, é um livro sobre amizade - sobre aqueles amigos que nos acompanham por toda a vida, que crescem connosco e se moldam connosco, que nos marcam e constituem, na realidade, mais um pedaço de nós
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