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A mostrar mensagens de setembro, 2017

Deixa o grande mundo girar, Colum McCann (Civilização Editora)

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       Mais um livro fantástico. Quando acabo um livro cuja leitura me prendeu, receio sempre começar o próximo. Acho que será difícil que me prenda da mesma maneira. Mas ultimamente tenho tido a sorte de ler vários livros de seguida muito bons. De que gostei. Este foi mais um. Difícil foi interromper a leitura e, sobretudo, virar a última página.  O pretexto do livro é um acontecimento real:     N uma madrugada do final do Verão,os habitantes de Manhattan observam incrédulos e em silêncio as Torres Gémeas. Estamos em Agosto de1974 e um misterioso funâmbulo corre, dança e salta entre as torres, suspenso a quatrocentos metros do chão.       As personagens do livro são as pessoas que passam na rua e olham surpreendidos para aquele homem que parece andar no ar, que se atrasam para o verem,  que à distância falam pelo telefone com alguém que está parado na rua a espreitá-lo, que se cruzam com ele mais tarde, no tribunal. E esses encontros fortuitos alteram os rumos das suas vid

O segredo de Joe Gould, Joseph Mitchell (D. Quixote)

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    A primeira referência que vi a este livro, O segredo de Joe Gould, foi ao prefácio de António Lobo Antunes. Foi por aí que comecei a lê-lo. É um prefácio entusiástico que começa da seguinte forma:    Este é, sem dúvida, um dos melhores livros que li nos últimos anos ....Depois de o ler compreendi o entusiasmo, que me parece resultar mais da personagem tratada que do autor.     Por partes: este livro é, como explica o autor, constituído por dois retratos da mesma pessoa, Joe Gould, escritos para um rubrica de perfis do The New Yorker, o primeiro em 1942 e o segundo, 22 anos depois, em 1964, já depois da morte dele.     Joe Gould nasceu numa família abastada de Massachusetts e estudou em Harvard onde se licenciou em 1916.  Alguns anos mais tarde, foi viver para Nova Iorque onde termina por deixar o trabalho que tinha para se dedicar a escrever a História Oral do Nosso Tempo. Apresenta e fala do seu projeto a várias pessoas que chegam a entusiasmar-se com o mesmo, tendo alguns

Canção doce, Leila Slimani (Alfaguara)

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        Canção doce é um livro muito perturbador e de uma enorme violência. Logo na contracapa lemos o resumo e ficamos a saber a história. Myriam, mãe de duas crianças pequenas chega a casa mais cedo para surpreender os filhos que estão com uma ama. E o livro começa assim:     O bebé morreu. Bastaram alguns segundos. O médico garantiu que ele não sofreu. Deitaram-no dentro de um saco cinzento e fizeram deslizar o fecho de correr sobre o corpo desarticulado que boiava no meio dos brinquedos. Quanto à menina, ainda estava viva quando chegaram os serviços de emergência.    Não é um livro de suspense no sentido clássico, pois sabemos logo no início o drama que se vai abater sobre aquela família e de quem é a responsabilidade. E se o livro começa justamente pelo fim, percebemos que o importante é  o caminho que é feito até àquele momento. Os passos dados, os sinais ignorados que conduziram àquele desfecho. Mas o trágico é sentir que podia acontecer connosco. É sentirmos que so

Mulheres fora da lei, Anabela Natário (Desassossego)

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       Depois de ler Crime e Castigo, quase a propósito, saboreei a leitura deste livro «Mulheres fora de lei». Apesar do subtítulo algo dramático – venha conhecer as maiores criminosas dos últimos três séculos em Portugal – o livro inicia-se com uma pequena nota da autora que lembra que o crime não é um exclusivo do homem, as mulheres, embora em menor número, também o praticam.     Cada capítulo é precedido de uma ficha de identificação com o nome da mulher, idade, local de nascimento, morada do crime, tipo de crime, vítima e data. Das 23 histórias contadas, 3 passaram-se no século XVIII, 12 no século XIX e as restantes no século XX. O crime maioritário é o de furto, seguido pelo do homicídio, em regra, do marido.      Na minha leitura, duas histórias se destacaram, uma de uma verdadeira serial killer que ia buscar crianças expostas e as matava com requintes de malvadez – e matou 34 crianças, em 1772 – e  a segunda, já no século XX, que, vestida de homem, tentou matar o se