Entrelivros

    Tenho andado entre livros. Começo a ler um e algumas páginas depois abandono-o. Pego noutro que deixo alguns dias depois. Acontece-me até esquecer do livro que estou a ler quando saio. Sei, por experiência, que algumas vezes o mesmo livro que abandonei depois de o ter começado a ler, algum tempo depois agarra-me às primeiras páginas, às primeiras palavras. Por isso só desisto de um livro depois de o ter abandonado várias vezes.

    Reparo que alguns dos livros que tenho abandonado às primeiras páginas (não aqueles cujas capas estão na imagem) me foram oferecidos e recordo-me de uma crónica do Miguel Esteves Cardoso sobre os monos. Segundo ele não se devia oferecer livros a quem gosta de ler porque raramente se gosta dos livros escolhidos por outrém. Transformam-se por isso em monos que mais cedo ou mais tarde são retirados da estante para libertar espaço para os livros escolhidos pelo próprio. Sei que não é verdade. Já me ofereceram livros extraordinários, de autores que desconhecia, e que provavelmente não leria se não mos tivessem oferecido, como por exemplo, A lebre de olhos de âmbar, de Edmond de Wall. Só por este vale a pena dar o benefício da dúvida aos livros que nos oferecem. Também sei que gosto muito de oferecer livros e dá-me muito prazer saber que as pessoas que os receberam gostaram muito de os ler. Espero sempre que os livros que ofereço, e que escolho cuidadosamente, não se tornem nos monos das estantes de quem os recebe.

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