Os livros que não comentei

​   Nos últimos anos, tenho vindo a encontrar-me, a construir a minha família e a descobrir a minha vocação. Tem sido incrível! E tem exigido todo o meu tempo. A leitura vai ficando para segundo, terceiro, quarto planos. Mas continua cá. Já não devoro livros como antes, mas vou saboreando nos momentos de calmaria. 
    Entretanto, a pilha de livros por comentar vai aumentando. Alguns, aguardam crítica já há dois anos. E se me lembro de se gostei ou não, já não me sinto capaz de escrever fielmente sobre eles. 
    Por isso, aqui vai este post, com a foto e um breve comentário sobre os livros que compõem esta pilha, e que já merecem o seu devido repouso na estante (e não a apanhar pó na minha secretária!):

    1. Pequenos fogos em todo o lado, de Celeste Ng (Relógio d'Água) - Quero ler!

    «Durante toda a vida, aprendera que a paixão, tal como o fogo, era uma coisa perigosa. Facilmente se descontrolava. (...) Era melhor controlar a sua centelha (...). 
    Esta filosofia guiara-a ao longo de toda a sua vida, e ela sempre sentira que a ajudara muito. Claro que tivera de abdicar de uma ou outra coisa. (...) As regras existiam por algum motivo: se as seguíssemos, as coisas corriam bem; caso contrário, podíamos incendiar o mundo.
    Mas depois havia Mia (...). A interferir nas vidas das outras pessoas com as suas mãos sujas. A causar problemas. A espalhar centelhas inconscientemente. A Sra. Richardson fervia de raiva, e, dentro dela a partícula quente de fúria que guardara cuidadosamente começou a arder.» 

     Li este livro no princípio do ano passado. 
    Já o queria ler há algum tempo - o título chamava-me, a capa chamava-me, o resumo na contracapa também.
     Lembro-me, até, de que foi um pedido especial que fiz para me trazerem na primeira Feira do Livro de Lisboa, depois de o meu filho nascer!
     Lê-se bem, mas não achei um livro espetacular, e o fim estragou-o, para mim. Foi um daqueles fins apressados, em total contraste com o restante livro, como se a autora se tivesse fartado de escrever.
  Pior ainda é a serie, da Prime, em que as personagens são completamente diferentes (e muito mais desinteressantes) das do romance. É uma pena, porque são bons atores e o romance tinha um excelente potencial para ser passado para série. No entanto, a versão televisiva é muito mais aborrecida e cliché, e ao fim de dois episódios desisti de assistir.

    2. Antes que o café arrefeça, de Toshikazu Kawaguchi (Editorial Presença) - Quero ler!

    «- Como é que foi? - Ao ouvir estas palavras, Fumiko teve finalmente a certeza de ter viajado no tempo. Havia regressado àquele dia uma semana antes. Mas se o tivesse...
    - Portanto, estou aqui a pensar...
    - Sim?
    - O presente não muda, certo?
    - Exato.
    - Mas então e as coisas que acontecem mais tarde? (...) Daqui em diante... então e quanto ao futuro?
    (...)
    - Bom, como o futuro ainda não aconteceu, acho que isso fica por sua conta.. - disse, sorrindo pela primeira vez.»

   Este livro é mágico.
  Um pequeno café onde é possível viajar no tempo, permite a diferentes personagens reviverem episódios do seu passado. Mas as regras são muitas, e dissuadem a maioria de se aventurar nessas viagens.
   Cada história é um pequeno conto, mas todas estão interligadas.
   Gostei imenso de o ler, e agora só me falta tempo para ler os dois que se lhe seguiram.

    3. Acusação, de Caitlin Wahrer (Topseller) - Quero ler!

  «Por aquela altura, Rice já estava envolvido na investigação há umas 20 horas. Até esse momento, tinham sido 20 horas de fealdade. Nada mais além do mal que apenas o homem sabe fazer.
    Ele tinha visto a vítima no hospital, na noite anterior, um homem ainda jovem chamado Nick Hall. Hesitara em considerá-lo sequer um homem. Nick tinha 20 anos, é certo, mas devia estar ainda na parte final da sua adolescência. Em vez disso, o seu olhar era o de quem tinha despertado naquela manhã apenas para se encontrar ajoelhado num lugar que não reconhecia, arrancado à força da sua inocência.»

    Este romance policial trouxe-me de volta aquela sensação maravilhosa de não conseguir pousar. Mesmo com um filho pequeno e a mudar de casa, li-o em menos de 2 semanas - um recorde considerável para quem mal tem tempo de ler, no geral. 
     Cada capítulo traz-nos a continuação da história sob a perspetiva de uma personagem diferente (estrutura de que gosto bastante). 
   Trata-se de um caso de agressão sexual e das ramificações que a mesma enceta não só na vida de quem a sofre mas de todos aqueles que os rodeiam.


    4. Carta à minha filha, de Maya Angelou (Lua de Papel) - Quero ler!

    «A minha vida já vai longa e, na minha convicção de que a vida ama quem a vive, atrevi-me a tentar muitas coisas, por vezes com receio, mas também com ousadia. Só incluí neste livro os acontecimentos e as lições que me pareceram úteis. Não te disse como utilizei as soluções, porque sei que és inteligente, criativa, expedita e que as utilizarás como achares melhor.»

    O mais recente que terminei de ler.
   Trata-se de uma coletânea de curtos episódios que marcaram a vida da escritora, dos quais ela tirou algum tipo de lição. Conta-nos (a todas as "suas" filhas) esses episódios, sublinhando as lições que nos deixa como mensagens para nos tornarmos melhores, assim como o mundo, à nossa passagem.  Algumas delas, guardei-as comigo.
    É um livro que se lê bem, um bocadinho de cada vez (ideal para estes tempos de pós-parto).

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