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O desejo de Kianda, Pepetela (D. Quixote)

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      A meio do livro Noites de Peste, de Orhan Pamuk, que ia lendo com uma folha ao lado onde anotava os nomes dos paxás, sultões e governadores que se sucedem vertiginosamente na ficcional ilha de Mingheria - que no príncípio do livro acreditei existir – abri O desejo de Kianda e só parei quando acabei de o ler.     O início do livro consta da contracapa e convida logo à leitura:     «João Evangelista casou no dia em que caiu o primeiro prédio. No largo do Kinaxixi. Mais tarde procuraram encontrar uma relação de causa e efeito entre os dois notáveis acontecimento. Mas só muito mais tarde, quando a síndrome de Luanda se tornou notícia de primeira página do New York Times e do Frankfurter Allgemeine. Aliás, João Evangelista casou às cinco da tarde, na Conservatória do Kinaxixi, e o prédio caiu às seis. A existir relação, parece claro ser o casamento a causa e nunca o suicídio do prédio. O problema é que as coisas nunca são tão límpidas...

As Telefones, Djaimilia Pereira de Almeida (Relógio d'Água)

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         As Telefones foi encantamento às primeiras palavras, como já tinha acontecido com o anterior livro da Djaimilia, Luanda, Lisboa, Paraíso , e se ambos partilham a geografia, as relações familiares e a escrita poética, são no resto distintos. As Telefones é a história de uma mãe e uma filha, Filomena e Solange, que vivem separadas, mas é também a despedida da mãe. A filha vive em Lisboa, primeiro com uma tia e depois sozinha, enquanto a mãe permanece em Angola. Falam por telefone, são elas próprias telefones (« Os seus telefonemas não eram palavras, mas um sonho em andamento, cujo avesso era tudo que não contavam uma à outra. ..). São ambas narradoras, alternando-se, marcando pelo estilo de letra a autoria.     A filha cresce sem saber exatamente – sem se recordar - como é a mãe, ignorando por isso como ela própria será. As transformações por que ambas passam, tornam-nas desconhecidas a cada reencontro. O reconhecimento ou a estranheza...