Manhã Submersa, Vergílio Ferreira (Sociedade de Expansão Cultural)

À medida que ia lendo Manhã Submersa ia-me recordando das personagens, dos cenários, do ambiente. Do horror de um jovem (criança, ainda) estar encerrado num seminário sem possibilidade de escolha. Do desejo ou sonho que acalentava de um dia ter uma mulher. Da consciência de que apenas dele dependia a mãe e as irmãs terem uma vida melhor. Do fim da infância: "Mas em quaisquer circunstâncias, havia sempre, nos meus olhos, um adeus infeliz para os caminhos da serra, para o pobre cadáver da minha infância." (pg. 96) Relembrei também a solidão que o acompanhava, a perda do amigo e o acidente que o conduzirá à liberdade. A história de António dos Santos Lopes não foi única ou rara, foi a história de muitos meninos nascidos e criados em meados do século passado, como o próprio Autor. Foi também a história do meu avô paterno, que desistiu de ser padre já homem feito, mas que tinha o seminário mar...