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As Ondas, Virginia Woolf (Relógio D'Água)

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      Acabei de ler As Ondas. Não me vou perder na sua classificação, se se trata de um romance, de novela, de teatro, de prosa ou de poesia. Acho que é um pouco de tudo. Não sei quanto tempo Virginia Woolf levou a escrevê-lo, mas imagino que tenha sido uma escrita lenta, pausada, feita e desfeita. E a leitura também tem de ser deste modo, demorada, como se mastigássemos as palavras, ou antes, as ruminássemos. Porque não sendo uma leitura fácil, não conseguimos deixar de nos encantar com as palavras e de nos identificar em muitas passagens. De sentir que foi mesmo assim que nos sentimos ou que também pensámos isso ou vivemos aquilo.     Não tem capítulos, mas, como se tudo decorresse num dia ou ao longo de uma vida, há nove separadores com letra em itálico que descrevem o percurso do sol, a luz do dia: O sol ainda não nascera. O sol ergueu-se mais ainda. O sol ergueu-se. O sol já não repousava sobre o manto de águas verdes. O sol atingira o ponto mais al...

Mrs. Dalloway, Virginia Woolf (Relógio d'Água)

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        Já tinha começado a ler este livro mais que uma vez e desistido. Desta vez tive dificuldade em interromper a leitura. A ação decorre num único dia, marcado pela sucessão das horas tocadas pelo Big Ben. Clarissa Dalloway, a figura central, ocupa o dia na preparação de uma festa em sua casa. A frase de abertura é sobejamente conhecida: « Mrs. Dalloway disse que ela própria ia comprar flores».      Coincidentemente, nesse dia, Peter, o seu grande amigo de infância e juventude, regressa da Índia. Está de novo apaixonado, desta feita por uma mulher muito mais nova, ele que a tinha amado há muitos anos (e ainda amava?) antes de ela ter escolhido casar com Richard Dalloway. Na festa aparece de surpresa Sally, uma amiga também da juventude. As recordações desses tempos, os sentimentos de então regressam e condicionam o reencontro.     Clarissa prepara a festa  e manifesta inquietações e ansiedades proprias de uma mulher do...

Rumo ao farol, Virginia Woolf (Relógio d'Agua)

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   Ler este livro de Virginia Woolf não é tarefa fácil, embora nos deslumbre desde o início. É como seguir a tecitura de uma renda de bilros minuciosamente feita.    O livro, embora tenha como título e ação principal a vontade de rumar ao farol do filho mais novo do casal Ramsay, só concretizada anos mais tarde, acompanhado apenas por uma irmã e pelo pai, por quem nutre um sentimento ambíguo entre a raiva e a admiração, é um livro sobre relações familiares e o papel das mulheres.    Duas mulheres ocupam o palco, Mrs. Ramsay, uma mulher lindissima, casada, mãe de oito filhos e Lily Briscoe uma pintora solteira, amiga da família. Mrs. Ramsay é o centro à volta  do qual tudo gira, os filhos, os amigos, o marido, as empregadas. Dela, nunca saberemos o nome próprio, como se através do casamento o tivesse perdido, sendo incorporada num colectivo, em que só aparentemente ela perdeu a identidade, que mantém através do pensamento e das cartas que redige. (...