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Acabámos de ler:

O caderno proibido, Alba de Céspedes (Alfaguara)

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    Mais um livro que recebi no final do ano passado, entre o Natal e o meu aniversário, e que permaneceu até há dias empilhado entre outros livros na secretária que herdei da minha mãe. Não os vou lendo pela ordem porque estão empilhados, mas muitas vezes começo a ler um livro apenas porque é o que está no topo. Mas O caderno proibido era o livro do mês de novembro do Clube de Leitura da Almedina, dinamizado pelo Paulo Faria, e foi o pretexto para o começar a ler. E quando começamos a ler O caderno proibido, difícil é parar ou interromper, ainda que por breves momentos, a leitura.     Descubro depois que foi publicado em 1952 e redescoberto recentemente, já após a morte da sua autora, Alba de Céspedes, em 1997. Um pouco como Stoner , de John Williams, publicado em 1965 e resgatado do esquecimento volvidos cerca de 50 anos, sendo então traduzido para francês e depois para outras línguas. E nestes dois casos interrogo-me sobre o que faz um bom livro? O que faz um livr...

A Casa das Tias, Cristina Almeida Serôdio (Teorema)

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      É frequente gostar dos livros que leio, menos frequente é ler livros que me dão vontade de escrever. Foi o que aconteceu com A Casa das Tias.     Confesso que embora tivesse gostado muito do outro livro da Cristina Serôdio, O Colégio , que me permitiu abrir gavetas onde se encontravam arrumadas memórias que pensava perdidas, não fiquei com vontade de as escrever, preferi mantê-las fechadas, apesar de agora dispor de uma chave para as abrir. De comum, nos dois livros, a belíssima escrita da Cristina.     No caso d’A casa das Tias, a vontade com que fiquei de escrever pode resultar do facto de ter também uma família muito grande. E se duvido que todas as famílias felizes são parecidas umas com as outras, sei, por experiência, que todas as famílias grandes são diferentes das outras famílias, sejam grandes ou pequenas.     A história da casa das Tias é contada porque M. – que é sempre assim designada-, que herda a casa onde cresceu o ...

A palavra que resta, Stênio Gardel, (D. Quixote)

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     Porque decidimos ler um livro? Porque passamos por uma livraria e apaixonamo-nos pela capa ou pelo título ou pelo resumo que está na contracapa. Porque já lemos outros livros do mesmo autor ou porque lemos uma crítica ou alguém nos falou dele ou ainda porque alguém no-lo oferece. Mas é quase sempre fortuito o encontro entre um livro e o leitor.    A palavra que resta foi-me oferecido. Provavelmente se não o tivesse recebido, não o teria descoberto e teria perdido a leitura deste livro extraordinário, que sendo sobre as pessoas excluídas, discriminadas por serem homossexuais, transsexuais ou travestis, é, na realidade, sobre a importância de aprendermos, seja a ler, seja a ver o mundo de outra maneira.     É um livro lindíssimo e ao mesmo tempo doloroso. Está dividido em quatro partes e cada parte em pequenos capítulos. Conta a história de amor entre Raimundo e Cícero, dois jovens que se conheciam desde meninos. De Raimundo sabemos o nome ...

Assassinato no Comité Central, Manuel Vásquez Montalbán (Quetzal)

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      Como já vem sendo habitual, em agosto tirei uns dias de férias para os gozar com os meus netos. O destino foi Peniche e as maravilhosas praias do Baleal, da Consolação e São Bernardo. Ignorava que a semana seria marcada pelo ainda furacão Erin, que fez hastear as bandeiras vermelhas e o mar galgar metros de praia. Mas mesmo assim, conseguimos aproveitar na maré baixa as pequenas piscinas que ficavam entre as rochas.     Antes de partirmos, quando fazia as malas, decidi substituir o livro Regressos quase perfeitos, memórias da guerra em Angola , que estava a ler, por este, Assassinato no Comité Central, que me parecia ajustar-se melhor à praia e aos curtos períodos de leitura que os miúdos me iriam permitir. Mas regressei com poucas páginas lidas. Logo no primeiro dia, depois do almoço, decidi oferecer-me uns minutos de leitura, enquanto o mais velho, que tem 5 anos, via desenhos animados, e a mais pequena, com 2 anos, se dedicava a pintar – na verdade, a ...