O abismo do esquecimento, Paco Roca / Rodrigo Terrasa (Ala dos Livros)
Sempre acreditei no poder terapêutico da leitura, mas compreendi agora que em circunstâncias extremas os livros são um fraco lenitivo. As letras, as palavras, as frases, as páginas sucedem-se e não fazem sentido ou depois de lidas são esquecidas ou ficam a pairar sem sentido. Mas numa noite de insónia desisti de tentar dormir e vim para a sala ler. Este era o livro que estava à mão. Não tenho o hábito de ler o que atualmente designam de novelas gráficas, mas só consegui parar de ler O abismo do esquecimento quando o concluí. Ainda me lembro da aprovação da lei da memória histórica, em Espanha, em 2007. Até então, não percebia como tinha sido possível a transição democrática no país vizinho, sem, pelo menos, o reconhecimento de direitos às vítimas do franquismo e o apagamento dos sinais óbvios do regime. O abismo do esquecimento conta a história de Pepica, cujo pai fora condenado à morte, fuzilado e enterrado numa vala comum e que não desiste de o encontrar, exumar o cad