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A mostrar mensagens de janeiro, 2017

A Fotografia, Penelope Lively (Civilização Editora)

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    Encontrei este livro à venda num centro comercial do Porto. O preço de saldo, aliado à capa, e à indicação Vencedora do Booker Prize (a autora, claro, mas não por este livro) levaram-me a folheá-lo e a interessar-me logo pela sua leitura.     Há livros assim, muito bem escritos, que imediatamente nos arrebatam mas não convencem. A história pode ser contada em poucas linhas: um académico, viúvo, encontra numa estante um envelope onde está escrito, pela mão da mulher morta há já algum tempo, o seguinte: NÃO ABRIR - DESTRUIR.        Dentro do envelope está uma fotografia de um grupo de pessoas. Um homem e uma mulher estão de costas voltadas para o fotógrafo e de mãos dadas. Reconhece os dois: a mulher dele, Kath, e o cunhado, casado com Elaine, irmã dela. Esta descoberta leva-o a uma procura obsessiva do momento em que a fotografia havia sido tirada, da relação  entre os dois e ainda da eventual existência de outros homens na  vida de Kath.        A investigação termina po

A Relíquia, Eça de Queirós (BI - Biblioteca editores Independentes)

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    Contrariamente ao que disse na entrada anterior a esta, li este livro pequenino quase paralelamente ao de Maria de Belém . É o quarto livro de Eça de Queirós que leio, juntando-se aos clássicos “Os Maias” e “O Crime do Padre Amaro”, bem como a “O Mistério da Estrada de Sintra”, que escreveu juntamente com Ramalho Ortigão (todos estes livros foram lidos antes da existência deste blogue, daí que não tenha criado links para eles).     Devo dizer que devorei os primeiros três livros. Gosto muito de Eça.      Com “A Relíquia” foi um pouco diferente.     Teodorico perde os pais, primeiro a mãe, no parto, e mais tarde o pai, quando ainda muito novo, sendo acolhido pela tia (a “titi”), senhora muito devota, para quem qualquer comportamento que não fosse a adoração ininterrupta do Senhor era considerado pecado. O menino cresce, então, temendo a Deus e ainda mais à titi ( É necessário gostar muito da titi… É necessário dizer sempre que sim à titi! ). Quando vai estudar para Coimbra,

Mulheres Livres, Maria de Belém Roseira (A Esfera dos Livros)

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  Decidi romper o meu hábito de ler unicamente romances e passar alguns estilos alternativos - não consigo ler esses livros com a mesma sofreguidão mas por vezes até são bem-vindos , particularmente quando o romance que estou a ler simultaneamente é demasiado grande para andar a passear comigo todos os dias.     Foi assim que comecei a ler este livro em particular, já há uns bons anos a reclamar a minha atenção na estante. E foi uma boa surpresa. Gostei muito de conhecer melhor as histórias destas mulheres, escolhidas pela Maria de Belém. São elas: Marie Curie, Isadora Duncan, Carolina Beatriz Ângelo (a minha nova heroína), Virgina Woolf, Anna Eleanor Roosevelt, Dolores Ibárruri Gómez, Hannah Arendt, Frida Kahlo, Simone de Beauvoir, Simone Veil, Maria de Lurdes Pintassilgo e Benazir Bhutto.       Confesso que fiquei um pouco desapontada com alguns aspetos da escrita da autora, mas no global foi uma boa viagem ou, melhor dizendo, viagens.       Deixo, em seguida, o parágrafo i

A história da 1002ª noite, Joseph Roth (E-Primatur / Letras Errantes)

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           Com frequência o Diogo surpreende-me com livros de autores que nunca li nem ouvi falar. Desta vez foi com o livro  A história da 1002ª noite  de Joseph Roth.  Mas antes de falar sobre o livro, não posso deixar de referir a editora, E- Primatur , de  nunca tinha ouvido falar, mas que me surpreendeu pela qualidade da edição. Descobri então que se trata de um projeto absolutamente inovador que vale a pena  visitar : (...) os livros que serão editados pela E-primatur visam preencher lacunas graves no panorama cultural/editorial português.  Essas edições serão divulgadas a partir do sítio do Projecto E-Primatur, nas redes sociais e a partir de páginas de sítios parceiros.  Parte do Projecto contempla a figura do  crowdpublishing , a vertente para edição de livros do  crowdfunding , ou financiamento colectivo, como apoio à publicação, mas sobretudo como mecanismo de promoção, divulgação e financiamento. No sítio da Editora será também possível o leitor indicar que

O romancista ingénuo e o sentimental, Orhan Pamuk (Editorial Presença)

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       Uma das minhas prendas de Natal, oferecida pelos meus filhos que sabem o quanto aprecio este autor. Uma primeira palavra para esta edição que, embora de 2012, tem uma sobre capa que oculta a capa original. Segundo a ficha técnica, a ilustração da capa original é de um quadro  After the ball  (óleo sobre tela), por  Casas i Carbo, Ramon  (1866-1932). O que terá levado a editora a cobrir esta capa com uma sobre capa, sem qualquer imagem, apenas com o título e o nome do autor em caracteres brancos significativamente maiores, escapa-me completamente. A original atrair-me-ia muito mais que esta sobre capa...Por isso mesmo optei por colocar aqui a capa original.     O livro condensa um conjunto de conferências que o autor deu na Universidade de Harvard, cujo título é baseado no ensaio de Schiller, a Poesia Ingénua e Sentimental. De acordo com o autor,  na esteira de Schiller, os poetas - escritores - ingénuos escrevem de forma espontânea, não se preocupando com as consequências