Textos de guerrilha, Luiz Pacheco (ler, editora)

    Tenham sido as férias boas, tenham sido as férias más, no momento em que entramos no prédio, carregados de malas, abrimos a caixa do correio e nos caem contas em vez de cartas só nos apetece voltar para trás. Retroceder e fingir que não é connosco. Que ainda temos mais uns dias sem horas, sem transportes, sem aquela correria do dia a dia. Mas este ano, pelo menos este momento, foi diferente. Quando abri a caixa de correio, as contas estavam escondidas por um imenso envelope pardo onde descobri a letra inigualável da Cinda. Abro o envelope e encontro dentro os dois volumes dos Textos de Guerrilha, de Luiz Pacheco:

Luiz Pacheco @ Clube de Leituras

    E a boa disposição prosseguiu com a leitura destes volumes. Apesar do tempo passado, ou mesmo por causa do tempo que passou, as histórias e as personagens que as povoam têm imensa graça ou surpreendem-nos. Desde o Solnado, ao Cesariny, passando pelo Almada, pela Natália Correia, mas também por políticos como o Maldonado Gonelha, o Vasco Gonçalves ou o Ramalho Eanes. 
    E, nalguns casos, a crónica é de uma acidez (acutilante, polémica, como lhe diz o diretor de um magazine) que nem o tempo consegue mitigar, como quando fala de Miguel Torga, e de outros "escribas" do pós 25 de abril, ou de um deslumbramento como quando fala de "O que diz Molero" e "Levantados do chão". 
    Não são só os textos que nos fazem viajar no tempo, as edições também (o 1.º volume é de 1979, o 2.º de 1981), quer as capas, quer o lay out das páginas e as ilustrações. 
    Um bom regresso, ao passado e a mais um ano de trabalho.

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