Páscoa Feliz, José Rodrigues Miguéis (ed. A Bela e o Monstro)
Foi
a surpresa deste verão. Fininho, pequenino, jeitosinho, lê-se num dia. Não
conhecia o autor, por mais que tivesse ouvido falar dele, não lhe lera quase
nada. Depois descobri, pesquisando, que foi quem escreveu um conto que adorei
(Arroz do céu, ou algo do género).
É incrível a
semelhança do registo Narrador/Personagem (o Renato) com o famosíssimo Mersault
de O Estrangeiro, de Camus. Não desenvolvo este raciocínio porque não há nada
pior do que «spoilar» O Estrangeiro. Andava pelas vinte,
trinta páginas engo(lidas em voz dramatizada), já me ia passando pela cabeça
quão genial é este autor, quão extraordinária é esta personagem, que já assim,
de supetão, lhe tenho vontade de dar cinco estrelas. Passo o resto do livro a
recordar-me que é uma história publicada em 1932, está o Salazar a tornar-se
Presidente do Conselho, há gente já a ser presa por fazer marotices
anti-situação.
Passo o resto do
livro, pendurada no testemunho do Renato e nem dou conta que estou sentada num
autocarro, e que me apetece começar a dramatizar-lhe a voz à frente dos
passageiros. Folheio-o freneticamente à procura de um significado para o título
(quase me levou a adiar a sua leitura para a próxima Páscoa), e enfim encontro-o. Sim,
o livro é sobre loucura. Ou sobre lucidez. É lerem e depois decidam vocês. (se
rimou, é porque é verdade).
Fico cheia de vontade de ler!
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