O Velho que lia romances de amor, Luís Sepúlveda (Edições Asa)
Reler O Velho que lia romances de amor deu-me um imenso prazer. Interrompi o livro que estava a ler, e da China voei até à Amazónia para esta pequeníssima história de amor.
Lembrava-me muito bem das personagens, do velho, Antonio José Bolívar Proaño e do dentista, doutor Rubicundo Loachamín, que odiava o Governo. Juntamente com a mulher do velho (Dolores Encarnación del Santísimo Sacramento Estupiñán Otavalo), são as únicas personagens que têm nome completo e que são quase sempre designados pelo nome completo. Na sua maioria, as restantes personagens não são sequer individualizadas, são os jíbaros, os xuar, os garimpeiros, os gringos...
Lembrava-me muito bem das personagens, do velho, Antonio José Bolívar Proaño e do dentista, doutor Rubicundo Loachamín, que odiava o Governo. Juntamente com a mulher do velho (Dolores Encarnación del Santísimo Sacramento Estupiñán Otavalo), são as únicas personagens que têm nome completo e que são quase sempre designados pelo nome completo. Na sua maioria, as restantes personagens não são sequer individualizadas, são os jíbaros, os xuar, os garimpeiros, os gringos...
Quanto ao lugar onde decorre, El Idilio, tentei procurar mas não consegui confirmar se de facto existe ou é um lugar - idílico - inventado pelo autor.
O que não me recordava é do facto de o velho ler romances de amor e o dentista estar em El Idilio no princípio desta novela serem absolutamente irrelevantes para a história central, contudo, são, simultaneamente imprescindíveis para o ambiente em que a história decorre. Poderiam até ser histórias autónomas, o dentista a arranjar livros de amor para o velho, que os lia, mas não sabia escrever e o dentista que subia o rio para tratar os dentes dos habitantes locais e vender dentaduras enquanto vociferava contra o governo e os gringos.
"(...) Trouxe-te dois livros.
Os olhos do velho iluminaram-se.
- De amor?
O dentista fez que sim.
Antonio José Bolívar Proaño lia romances de amor, e em cada uma das suas viagens o dentista abastecia-o de leitura.
- São tristes? - perguntava o velho.
- De chorar rios de lágrimas - garantia o dentista.
- Com pessoas que se amam mesmo?
- Como ninguém nunca amou
- Sofrem muito?
- Eu quase não consegui suportar - respondia o dentista."
O livro é sobretudo uma imensa declaração de amor e de respeito à natureza, aos animais e, em especial, à Amazónia. Não é por acaso que O velho que lia romances de amor é dedicado a Miguel Tzenke, síndico xuar de Sumbi, no alto Nangaritza, e grande defensor da Amazónia, e o prémio que recebeu - Prémio Tigre Juan -, dedicou a Chico Mendes, uma das figuras mais destacadas e consequentes do Movimento Ecologista Universal, entretanto assassinado.
Acabo com uma frase roubada e que se adequa aos tempos que vivemos:
"(...) Será que o medo te encontrou e já não pode fazer nada para te esconder? Se assim é, então os olhos do medo podem ver-te, da mesma maneira que vês as luzes do alvorecer entrando pelas fendas na cana."
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