Memórias do Subterrâneo, Fiódor Dostoievski (Relógio d'Água)
“Agora, meus senhores, quero contar-vos, queiram ouvir ou não queiram, por que razão eu não consegui tornar-me nem sequer um inseto. Digo-vos solenemente que muitas vezes desejei tornar-me um inseto. Mas nem isso mereci.”
O autor começa por falar sobre si próprio, interrogando-se e respondendo a questões que lhe são colocadas pelos leitores, embora diga que escreve apenas para si próprio e que se se dirige aos leitores é porque assim é mais fácil escrever. Dele próprio diz que é um homem doente, mau, nada atraente e cobarde. Escreve na esperança de se libertar de algumas recordações e que, sendo a escrita um trabalho, o torne bondoso e honesto. Na segunda parte, sem deixar o registo pessoal e agora depreciativo dos outros (Quanto a eles, eram todos uns broncos e parecidos uns com os outros, como carneiros no rebanho.) conta-nos as suas memórias, como se queria vingar de um oficial que aparentemente nada tinha contra ele, a despedida do colega Zverkov, para a qual insiste em ser convidado e na qual é praticamente ignorado a que se segue uma ida a um bordel no qual conhece uma jovem, Liza. Tenta convencê-la a abandonar o bordel e voltar para casa dos pais e, antes de sair, deixa-lhe a morada. Quando ela o procura, três dias depois, ele fica embaraçado por ela perceber quão pobre e infeliz ele é. As suas Memórias acabam aqui, com a saída de Liza, depois de ele a seguir em vão.
Estas memórias, em particular a
história de Liza recordavam-me qualquer coisa e foi lendo a recensão num outro blogue que
percebi que Taxi Driver, de Martins Scorcese, foi baseado nas Memórias
do Subterrâneo. Ao contrário do que é habitual, o filme ajudou-me a perceber o livro, sobretudo a personagem encarnada pelo autor. A partir do momento em que o comecei a ver como o Travis Bickle (Robert de Niro) comecei a entendê-lo melhor.
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