O Nome do Vento, Patrick Rothfuss (Asa)

    O Nome do Vento ou os livros que gostamos de ler

     Faço com os meus filhos o que os meus avós e pais fizeram comigo e com os meus irmãos, sugiro livros, autores e leituras. Aproveito o Natal para oferecer livros que gostei de ler, sobretudo os chamados clássicos, tentando adequar ou aproximar a escolha do gosto de cada um. E eles retribuem, fazendo-me sugestões de leitura. Pouco depois do Natal passado, o meu filho Pedro sugeriu que lesse o livro O Nome do Vento. Trata-se do primeiro volume de uma trilogia que, em conjunto, deve ter mais de 2000 páginas. Disse-lhe que leria o primeiro apenas e ele assegurou-me que não resistiria a ler os outros dois livros. Acabei agora e não fiquei com vontade de ler os outros volumes da trilogia. Não porque seja desinteressante ou porque esteja mal escrito, bem pelo contrário. Apenas porque não é o género de livro – de história - que gosto de ler, embora, se me perguntassem, diria que não saberia responder qual o tipo ou género de livro que gosto de ler. Talvez seja mais fácil dizer o que não gosto de ler e este livro, de fantasia, inclui-se neste grupo.

               Os livros de fantasia são herdeiros de O Senhor dos Anéis de Tolkien, que não li, mas que se enquadra já no restrito grupo dos clássicos, com o inegável mérito da originalidade e que teve o condão de transformar gerações de jovens em leitores. De Harry Potter, de J. K. Rowling, só li o primeiro volume, mas foi o suficiente para conhecer a história e perceber que este livro, O Nome do Vento, se perfila entre estes dois universos. Decorre num ambiente medieval e o protagonista Kvothe, é uma criança extraordinariamente dotada que, depois de perder os pais, consegue entrar muito jovem para a universidade. Esta é a história contada em traços muito largos e que não faz jus ao livro. A história de Kvothe é contada pelo próprio, na pele de um taberneiro, a um Cronista. E como esta história dentro de outra, há mais histórias, como uma boneca matriosca que vamos descobrindo aos poucos. Os pais de Kvothe e a restante trupe são mortos pelos Chandrian, apenas porque estavam a recolher histórias sobre eles para compor uma canção. Kvothe escapa ileso e depois de chegar a uma cidade onde permanece alguns anos, resolve ir para a universidade. A entrada dele na universidade faz furor, era o mais novo desde sempre. Desafiou um mestre e escapou à expulsão. Foi vergastado e não chorou, nem sangrou. Kvothe estava determinado a aprender o nome do vento: Como aprendi o nome inconstante do vento e como parti para me vingar dos chandrian.

Apesar das 778 páginas, o livro mantém o interesse, criando sempre algum suspense e expetativa. Não me detive no mapa que apresenta no início e nas línguas faladas, porque os achei absolutamente irrelevantes, no ambiente medieval em que a ação decorre e em que se juntam mitos celtas e palavras latinas, tornando-os desnecessários. O suspense é mantido até ao final, adivinhando-se a vontade de passar rapidamente para o próximo volume.

Uma nota final para referir que o livro está bem escrito e, no geral, bem estruturado. Começa com um prólogo e acaba com um epílogo, ambos designados Um Silêncio em Três Partes, que só aparentemente são iguais. E esses silêncios, nas similitudes e diferenças, são muito bonitos.

 

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