Irmãs, Claire Douglas (Jacarandá)

    Adoro um bom policial. Li centenas de livros editados na coleção Vampiro e mais tarde na coleção Caminho Policial. Livros pequenos, condensados, mas com enredos absolutamente extraordinários. Depois de ler Agatha Christie e Patricia Highsmith, descobri Ruth Rendell - ou Barbara Vine - e P. D. James. Estas duas autoras eram baronesas e, olhando para as fotografias delas, nunca esperaríamos que escrevessem histórias policiais, de ficção e terror, com tanta maldade envolvida. Imaginava-as sempre a escrever, à mão, numa mesa, coberta com uma renda de crochet e um bule de chá ao lado e nunca consegui perceber onde iam buscar as histórias que escreviam. Sairiam todas das suas cabeças ou inspiravam-se em notícias de crimes?

    Os meus autores policias não são exclusivamente femininos, mas elas são, em regra, as minhas preferidas. Mais recentemente comecei a ler policiais nórdicos, especialmente Camilla Lackberg

    Posso estar enganada, mas parece-me que os livros mais antigos tinham por base a causa do crime, a razão para ele ter sido praticado. A convição que o crime não ocorre por um acaso ou um capricho. Nestes autores mais recentes o crime parece absolutamente gratuito e sem razão que o justifique. Mais, tenho ideia que havia uma relação honesta entre autor e leitor naqueles outros livros, ou seja, fosse a história contada do ponto de vista do investigador ou do criminoso, não havia a tentativa de enganar o leitor, criando pistas falsas que vão levando a conclusões erradas. 

    E eis-nos chegados a este livro, Irmãs, de Claire Douglas, o primeiro livro desta autora. Na capa estão dois pares de sapatos e à frente diz que uma mentiu e uma morreu. O livro começa justamente com a obsessão da irmã gémea sobrevivente relativamente à que morreu. Pensamos que o cerne da história estará no momento da morte ou em quem  ou o que a causou, mas no final ficamos a saber que não. Que a irmã sobrevivente continuará a procurar relacionar-se com pessoas que lhe recordem a irmã, e que tudo o que ela vivenciou entretanto, não imaginou nem foi praticado por quem ela suspeitava. 

    Dito isto, achei a história pouco convincente, as personagens pouco estruturadas e mesmo a revelação final pouco interessante. E pareceu-me que a técnica se baseia em deixar pistas que conduzam o leitor num sentido para, no final, contar uma história diferente.

***

Quero ler este livro! (e-book)

Comentários

Os mais lidos

O Sétimo Juramento, Paulina Chiziane (Sociedade Editorial Ndjira)

Niketche, Paulina Chiziane (Caminho)

Os Bem-Aventurados, Luísa Beltrão (Editorial Presença)