O Segredo da Livraria de Paris, Lily Graham (Topseller)

O SEgredo da Livraria de Paris

     Li há muitos anos o Silêncio do Mar, de Vercors. Tenho uma péssima memória mesmo para livros e autores, daí que tenha começado a escrever sobre as minhas leituras.   Mais do que fazer uma recensão, quero garantir que os livros que li se conservarão de forma vincada na minha memória e, caso esta me falhe, possa resgatá-los do esquecimento pesquisando no blogue.
    Mas o Silêncio do Mar - Le Silence de la Mer, porque o li nas aulas de francês - ficou gravado em mim, sem que sobre ele tenha escrito ou anotado o que quer que seja. Não me lembro da história detalhadamente, mas recordo que contava a história de um oficial nazi que se instala em casa de uma família francesa (um homem e a sua sobrinha) que manifestam a sua resistência ao invasor através do silêncio. O oficial alemão era um homem culto que justificava a invasão com a união dos povos franceses e alemães que, segundo ele, personificavam a literatura e a música, respetivamente.
    Foi impossível não lembrar aqueleoutro romance quando comecei a ler O Segredo da Livraria de Paris. Neste caso também um oficial nazi se instala na casa de uma família francesa (pai e filha) que têm na parte da frente da casa uma livraria. Mas fá-lo para evitar que outro oficial alemão abuse da filha do livreiro. O livro começa com uma senhora já de alguma idade que, no comboio, de regresso a Paris, conta a sua história a uma jovem. Cerca de vinte anos depois do fim da guerra havia feito a mesma viagem para descobrir porque é que tinha sido criada por uma prima da mãe e lhe tinham dito que toda a sua família tinha morrido.
   A estrutura do livro e o próprio título visam criar algum suspense que, parece-me, não foi conseguido porque se percebe logo desde o início quem são os pais da jovem e porque razão foi mandada para fora do país. Depois, ao contrário do Silêncio do Mar que nos confronta com a resistência silenciosa e com um oficial nazi que - segundo me recordo - consegue captar alguma simpatia do leitor, O Segredo da Livraria de Paris é mais simplista nas personagens e menos verosímil na ação. Não parece credível que um médico nazi determine que uma tipografia do exército alemão que se tinha instalado na livraria seja retirada porque estava a provocar algum stress à família...Também não se compreende porque é que decorridos tantos anos depois da guerra o avô não tenha tentado recuperar a neta, até porque esta se encontrava em casa de uma familiar e já não havia perigo de ser maltratada por ser filha de um oficial nazi e gerada durante a ocupação.
    O tema é apaixonante. Como a autora explica, a história foi inspirada numa notícia que leu com o título "França reconhece finalmente os seus filhos da guerra", mas merecia uma outra história.

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