Um país para lá do azul do céu, Susanna Tamaro (Editorial Presença)
Começo assim esta recensão porque acabo de o pousar e não gosto da sensação de acabar um livro e não sentir já nem que seja um pouquinho de falta dele, das personagens, do universo em que decorre, da escrita...
Quando era mais nova, li Tobias e o Anjo, da Susanna Tamaro. Adorei. É um livro lindíssimo, apesar de triste. Reli-o anos mais tarde, nos meus tempos de babysitting: todas as semanas mais um capítulo. Não me recordo se li o mais conhecido da autora, Vai onde te leva o coração. Tenho ideia de ter começado e não ter terminado... assim como aconteceu com este.
Foi por Tobias e o Anjo, e pela sinopse apresentada, que, quando uma amiga me enviou o link das promoções da Editorial Presença, há umas semanas, escolhi este como um dos livros a encomendar. Além disso, são quatro contos, por isso podia ir lendo e saboreando cada um deles, nos curtos momentos em que os meus filhotes permitissem.
Promete-nos a sinopse que vamos ler quatro contos sobre sofrimento, «num olhar agudo e incisivo sobre comportamentos de xenofobia, desenraizamento social e exclusão a todos os níveis», num livro em que «Tamaro levanta o véu aos problemas da emigração ilegal.»
Não foi isso que encontrei.
Li, completos, o primeiro e o terceiro contos, «E eu ralado!...» e Salvacion. As coisas acontecem e escalam rapidamente, por vezes sem uma total compreensão do que está de facto a passar-se. Senti, em ambos, que faltava profundidade às personagens e acontecimentos, perguntando-me se seria por serem contos e eu estar mais habituada a romances.
Não senti o mesmo nos outros dois, O que diz o vento? e Do céu. Porém não os terminei. Ambos envolvem situações extremas com crianças e deixaram-me angustiada. Fiz algo que é muito raro em mim: folheei até ao fim do conto, para perceber se havia algum sinal de melhoria. Não o encontrei e optei por não me sujeitar ao sofrimento.
Dito isto, não posso deixar de louvar a capacidade de escrita da autora: não teria sofrido se não estivesse a sentir-me na história. Será esse o ponto forte. Porém, reitero a abertura desta opinião: não gostei. Não me sinto mais enriquecida por este livro, não pretendo relê-lo e, na realidade, não tenho interesse em mantê-lo na estante.
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