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a Peste, Albert Camus (Edição Livros do Brasil)

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   "(...) Houve no mundo tantas pestes como guerras. E, contudo, as pestes, como as guerras, encontram sempre as pessoas igualmente desprevenidas."         Há anos passei por uma fase Camus. Li todos os livros dele que encontrei, bem como análises e recensões sobre a sua obra.      Quando a pandemia se instalou só me lembrava deste livro, A Peste. Mal comecei a lê-lo, surpreendeu-me a atualidade e a exatidão do mesmo. Não sei como poderei definir de outra forma, mas se é inevitável que numa situação de epidemia/pandemia as autoridades sanitárias reajam de uma determinada forma, isolamento das pessoas doentes e das áreas contaminadas, afetação de espaços públicos para albergar os doentes, não deixa de surpreender que, quase passo a passo, a reação das pessoas seja também similar, mal grado a distância do tempo e do espaço. A Peste decorre em Orão, na Argélia, após a segunda guerra mundial.     "(...) Com efe...

A Peste, de Albert Camus, e a situação atual

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    Já se tornou um lugar comum a propósito da situação que vivemos citar este livro de Albert Camus. Tenho estado a relê-lo, sem seguir a disciplina imposta pela ordem das página. Abro-o ao acaso, entre outras leituras ou outras afazeres, e fico sempre impressionada pela sua atualidade. Premonitório? Tanto quanto sei, não vivenciou durante a sua vida qualquer situação similar. A Peste foi publicada pela primeira vez em 1947. Não resisto a publicar um excerto a que provavelmente se seguirão outros:     Mas mesmo nisso, contudo, a reação do público não foi imediata. Com efeito, o anúncio de que a terceira semana de peste contara trezentos e dois mortos não falava à imaginação. Por um lado, talvez nem todos tivessem morrido de peste. Por outro lado, ninguém na cidade sabia quantas pessoas morriam habitualmente por semana. A cidade tinha duzentos mil habitantes. Ignorava-se e esta proporção de mortes era normal. É mesmo o género de precisões com que nunca nos...

O Estrangeiro, Albert Camus (Ed. Livros do Brasil)

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    Andava há muito com vontade de reler este livro. Recordo-me de o ter lido, em simultâneo com outros livros de Albert Camus, tendo este e o Mito de Sísifo marcado-me profundamente. Inolvidável o começo: Hoje, a mãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem .     Ao longo da leitura, fui associando Mersault, o personagem principal, a Bartlleby de Melville. Vamos sentindo a mesma inquietação, porque não percebemos as atitudes, as motivações e o percurso de ambos. E os livros são o local certo para acompanharmos personagens por fora e por dentro, para percebermos o que sentem, como sentem, ao mesmo tempo que os acompanhamos nas suas atitudes e ações. Aqui, como em Bartleby, o desassossego resulta do facto de não nos ser dada qualquer chave para o que se passa, embora no caso de O Estrangeiro, com alguma regularidade, o personagem reconheça que é feliz.     O livro está dividido em duas partes, a primeira inicia-se com a morte da mãe e acab...