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Língua mátria, contos inéditos de autores de língua portuguesa (The book company)

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   Entre os dias 21 e 29 de setembro realizou-se no Templo da Poesia o festival  Língua Mátria que contou diversas atividades, incluindo sessões com vários autores portugueses e exposições. No âmbito do festival foi editado este pequeno livro de contos que decidi comprar porque é uma maneira de conhecer os diversos autores de língua portuguesa que nele participaram: - David Capelenguela e Ngonguita Diogo, Angola; João Tordo , Teolinda Gersão e Patrícia Reis, Portugal; Luís Cardoso , Timor-Leste; Luís Carlos Patraquim, Mia Couto , Moçambique; Milton Hatoum, Brasil; Olinda Beja, São Tomé e Príncipe; Vera Duarte, Cabo Verde; e Waldir Araújo, Guiné-Bissaau.     Como em todas as colectâneas de diversos autores, os contos são muito distintos. Primeira surpresa, apesar de na contracapa se referir que Língua Mátria espelhar vários lugares e imaginários da lusofonia, o conto de João Tordo passa-se no Uruguai e o da Teolinda Gersão num lugar não identi...

A Confissão da Leoa, Mia Couto (Editorial Caminho)

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          O livro começa assim:     Deus já foi mulher. Antes de se exilar para longe da sua criação e quando ainda não se chamava Nungu, o atual Senhor do universo parecia-se com todas as mães deste mundo. Nesse outro tempo, falávamos a mesma língua dos mares, da terra e dos céus. O meu avô diz que esse reinado há muito que morreu. Mas resta, algures dentro de nós, memória dessa época longínqua. Sobrevivem  ilusões e certezas que, na nossa aldeia de Kulumani, são passadas de geração em geração. Todos sabemos, por exemplo, que o céu ainda não está acabado. São as mulheres que, desde há milénios, vão tecendo esse infinito véu. Quando os seus ventres se arredondam, uma porção de céu fica acrescentado. Ao inverso, quando perdem um filho, esse pedaço de firmamento volta a definhar.       Um início extraordinário que o resto do livro não desmerece. Difícil foi parar de roubar frases, de as saborear. F...

Mulheres de Cinza, Mia Couto (Editorial Caminho)

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   "Mulheres de Cinza" é o Livro Um de uma trilogia moçambicana "As areias do Imperador". Fui com uma amiga ao lançamento na FNAC, em Lisboa. A poucos dias do aniversário do meu pai, fui decidida a comprar um exemplar para ele e outro para mim, autografados. A sala em que decorria o lançamento era pequena para acolher tanta gente, mesmo o écran, colocado no exterior da sala, de pouco servia, porque o vozear dos presentes impedia que ouvíssemos os intervenientes. Voltámos quando o lançamento já terminara e se formara uma fila enorme para conseguir o autógrafo do autor. Fizemos as contas distribuindo minutos pelas pessoas que se encontravam à nossa frente, receando que a espera se prolongasse por horas, mas o Mia Couto, acompanhado pelo seu editor, trocava algumas palavras com os leitores e rapidamente assinava e devolvia o livro. Saímos. Cada uma com os seus exemplares assinados.          O meu pai, no dia de anos, 3 de novembro, re...

Prémio Camões

   Mia Couto é o vencedor da 25.ª edição do Prémio Camões (2013) que distingue um autor da literatura portuguesa.    O Prémio Camões foi criado em 1988 por Portugal e pelo Brasil para distinguir um autor de língua portuguesa que, " pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum ".        Inquestionavelmente, Mia Couto, o autor e a obra, enquadram-se neste descritivo.    Deixem-me roubar algumas partes da deliciosa entrevista, conduzida por Luís Miguel Queirós, e que foi publicada no Ípsilon de 7 de junho:    Aliás, penso-me pouco como escritor. Os meus melhores momentos na literatura aconteceram quando não fui escritor. A escrita é uma casa que visito mas onde não quero morar com receio que ela me devore.(...)    Eu tenho sempre a ansiedade do próximo romance. Não existe para mim carreira quando se trata de e...

E se Obama fosse africano? e outras interinvenções, Mia Couto (Editorial Caminho)o)

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   Mais um livro do Mia Couto, desta feita uma compilação de intervenções com o curioso título de uma delas " e se Obama fosse africano? ".     Não direi o que aconteceria se Obama fosse africano, mas quer esta intervenção, que dá o nome ao livro, quer as outras, são reflexões atuais e espantosas sobre o mundo de hoje, particularmente centradas em África, Moçambique e os moçambicanos. Espantosa a crónica " Os sete sapatos sujos" .    E se de facto a maioria das crónicas nos fazem reflectir sobre a pobreza, a cultura, a língua, a violência contra as mulheres, outras, ou partes de outras, são absolutamente hilariantes, como " o sim do não ". Segundo o autor, em determinadas zonas rurais, perante uma questão que solicite uma resposta dicotómica sim/não, é sempre dito sim. E assim a resposta dada a um inquérito conduzido pela televisão moçambicana que perguntava " Sente que a sua vida está a melhorar?" um cidadão respondeu " Está a melh...

Mia Couto nas Conferências do Estoril 2011

http://www.youtube.com/watch?v=jACccaTogxE&feature=player_embedded

O Outro Pé da Sereia, de Mia Couto (Editorial Caminho)

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   "O outro pé da Sereia" conta-nos simultaneamente duas histórias, decorrentes com séculos de distância, que se complementam por uma ser o passado que levou aos eventos do presente. Mais que isso, conta-nos histórias de viagens; viagens feitas no espaço e no tempo mas, acima de tudo, viagens ao cerne dos personagens que povoam as histórias e que povoam o romance com as suas histórias, as suas angústias de vida.      A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras interiores , e o livro inicia-se com a viagem de Mwadia Malunga de volta à sua terra natal e às suas raízes, depois de anos de desolação representados pelas suas palavras ao marido:     - Porquê, Zero Madzero, porque é que eu recordo tanto? O marido não sabia responder. Era por isso que ela lhe perguntava: por não temer a resposta. No íntimo de si, Mwadia sabia: quem se lembra tanto de tudo, é porque não espera mais nada da vida. ...

A varanda do Frangipani, Mia Couto (Editorial Caminho)

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    Frangipani é, de acordo com o glossário que encerra o livro, uma árvore tropical que perde toda a folhagem no período da floração. É por esta razão que o português Domingos Mourão, chamado também de Xidimingo, gosta tanto desta árvore: "É que aqui, na vossa terra, não há outras árvores que fiquem sem folhas. Só esta fica despida, faz conta está para chegar um Inverno. Quando vim para África, deixei de sentir o Outono. Era como se o tempo não andasse, como se fosse sempre a mesma estação. Só o frangipani me devolvia esse sentimento do passar do tempo".     A história é narrada por um morto destinado a ser transformado em herói nacional de Moçambique após a independência. Para evitar esta situação, que não deseja, e a conselho do pangolim, tem de remorrer de novo e para isso vai ocupar o corpo de um polícia que se dirige ao lar de idosos, para investigar a morte do administrador, e que está condenado a morrer em 6 dias. É nesse corpo que vai acompanhando a inv...