A Sétima Porta, Richard Zimler (Oceanos)

    Segundo livro de Richard Zimler, também este emprestado pela minha irmã, que o entregou dizendo que tinha gostado imenso de o ler.

    Richard Zimler é um óptimo contador de histórias, portanto é inevitável que nos deixemos enredar na vida de Sophie, em Berlim, no período que antecede a 2ª Guerra Mundial e durante esta, depois em Istambul e finalmente no pós-guerra, de regresso a Berlim, destruída pela guerra, à procura de sobreviventes.

    Sophie é filha de alemães, ariana e católica. Tem um irmão parado (o que provavelmente designaríamos actualmente de autista) o que contribui para que tenha uma atitude de empatia e compaixão  por todo os perseguidos pelo regime nazi.

   O livro inicia-se na actualidade, com um prefácio escrito por um sobrinho de Sophie, a quem esta, próxima da morte, decide narrar a sua história.

   Em termos narrativos, penso que seria importante o livro concluir-se com um posfácio que nos devolvesse à actualidade.

   Quanto às personagens, penso que a figura do pai de Sophie é pouco consistente. Inicialmente descrito como militante comunista, activo e convicto, inscreve-se no partido nazi na sequência de ameaça de prisão. Podemos suspeitar que o fez para proteger a família, particularmente o filho, mas depois permite que este seja hospitalizado e resigna-se com a notícia da sua morte.

   Também a relação com o filho de Sophie não é consistente, pois ele pede à mãe que esconda a filiação da família do segundo marido, passando então a ser identificado como sobrinho de Sophie. Este período é descrito como o longo Inverno de ambos, mas acaba ao fim de alguns anos (o nosso longo inverno terminou) pelo que não se compreende que o parentesco só seja desvendado no final da vida de Sophie (no prefácio).

   Dito isto, reconheço que somos arrastados na leitura do livro, franqueando as sete portas numa impaciência para conhecer o destinos das personagens que se cruzam na vida de Sophie.