Os Lindos Braços da Júlia da Farmácia, J. Rentes de Carvalho (Quetzal)

   Andava cheia de vontade de ler um livro deste autor cujo nome entrevi pela primeira vez espreitando a capa do livro que um passageiro do comboio lia, alheado de tudo o resto. Depois li várias referências à sua vida e obra o que aumentou a curiosidade e quando encontrei este livro numa livraria, confesso que não resisti ao  titulo "Os Lindos Braços da Júlia da Farmácia".
   É um livro que reúne um conjunto de contos. E já agora, quando é que os nossos editores começam a incluir a indicação que se trata de um livro de contos, seja na capa, na contracapa ou nas badanas dos livros?
   Tenho de confessar que tenho alguma ambiguidade quanto aos livros de contos, por um lado é bom no dia a dia termos pequenos contos para ler, mas por outro lado, há sempre algum desapontamento quando ao fim de algumas páginas somos obrigados a abandonar precocemente as suas personagens. 
   O facto de desconhecer que se tratava de um livro de contos levou-me a ler os dois primeiros - Um amor em Sevilha e Lord William - na expetativa da confluência das duas histórias, o que seria possível apesar da distância geográfica e cronológica. Foi só ao iniciar o terceiro conto que percebi que aquelas personagens e histórias nunca se encontrariam,
   São trinta contos, alguns mais longos, outros extraordinariamente curtos, como o que dá o nome ao livro e embora tenham a impressão digital do autor na qualidade da escrita e na sua quase oralidade - são histórias vividas na primeira pessoa ou que lhe foram relatadas - o livro reúne um um conjunto de contos muito diversos.
   Impressionou-me muito O enterro dos meus pais e já dei por mim a relatar partes de outros contos, especialmente O caderno de Hakim.
   O autor é um extraordinário contador de histórias, quase que podemos imaginá-lo a contar as histórias que lemos.

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