O miúdo que pregava pregos numa tábua, Manuel Alegre (D. Quixote)
Gosto do Manuel Alegre poeta. Acho que foi um dos grandes
poetas da resistência. Muitas das letras das músicas que cantámos antes e
depois do 25 de abril são dele.
Já tinha começado a ler um livro que não de
poesia (Alma) e tinha-o largado porque me irritou a narração demasiado
egocêntrica. A convicção da sua importância que lhe é transmitida pela família
desde sempre (na altura lembro-me de pensar que a irmã o devia odiar).
Acabei
agora de ler este livro O miúdo que
pregava pregos numa tábua, e mais uma vez é ele, mas, desta feita, mais
frágil. Menos convicto de si, porventura. Convoca para o livro os seus mortos,
família e amigos, e a proximidade da morte, dos outros e a própria, talvez
explique este discurso menos centrado em si próprio (embora ainda admita a
possibilidade de a sua obra ser a continuação de Os Lusíadas, uma bravata que
anunciara em jovem (…) E meteu mãos à
obra. Mas ainda hoje não sabe se conseguiu.)
De resto é um livro terno, cheio de recordações e de pessoas
e muito bem escrito. Quase um poema em livro ou em música pois como lhe disse a mãe o poeta é que faz a música.
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