Antes que o café arrefeça, Toshikazu Kawaguchi (Ed. Presença)

 

   Conheço apenas dois autores japoneses e de cada um li um livro apenas, segundo me recordo: Homens sem mulheres, de Haruki Murakami, e Silêncio, de Shusaku Endo. Apesar de ter apreciado ambos, este último, Silêncio, deixou-me uma marca profunda. Pela história, pela altura em que o li, por quem mo ofereceu.

    Antes que o café arrefeça é por isso o terceiro livro japonês que leio, do terceiro autor japonês que conheço.

    A premissa deste romance é simples e é contada na contracapa: Em Tóquio, num pequeno e antigo café, Funiculi Funicula, é oferecida a possibilidade de viajar no tempo, quer para o passado quer para o futuro. Só que as condições são muitas e difíceis de cumprir: há apenas uma cadeira que permite viajar no tempo e durante esse período a pessoa não se pode levantar, as únicas pessoas com quem se pode encontrar são pessoas que estiveram ou estarão no café, não há nada que possa fazer que mude o presente, e existe um limite de tempo. Até que o café arrefeça.

    Estas viagens no tempo eram consideradas um mito urbano, contudo quatro pessoas decidem, apesar das condições impostas, viajar para o passado ou para o futuro. Apesar de nada poderem fazer que altere o presente, basta saber o que a outra pessoa sentiu ou quis, transmitir o que sentimos ou apenas saber que a escolha que se fez foi a certa, para que não mudando o presente, se mude a forma como encaramos a vida ou o outro. E isso pode fazer toda a diferença na vida das pessoas envolvidas, apesar de aparentemente tudo ficar na mesma. Uma palavra, um sorriso, um rosto, uma carta são quanto basta.

    Uma leitura ligeira e reconfortante – oferecida por uma amiga - depois da leitura difícil e dorida de Que ce soit doux pour les vivants. 

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