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Como poeira ao vento, Leonardo Padura (Porto Editora)

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    Um amigo emprestou-me este livro. Depois de insistir que tinha de o devolver (insistência que compreendo muito bem, porque também a faço quando empresto um livro de que gosto), disse que depois falaríamos sobre ele. São pouco mais de 600 páginas que li num ápice, entre Lisboa e Maputo, porque não conseguia parar de ler.    Do Autor, Leonardo Padura, já li outros livros: Um passado perfeito , A transparência do tempo e O homem que gostava de cães . Os dois primeiros são policiais, e em ambos pontifica a figura de Mario Conde. Mas como escrevi na recensão de A transparência do tempo : « é a complexidade das personagens, a atualidade dos temas ainda que mesclados com temas históricos,  a partilha de reflexões e de algumas perplexidades que justificam o interesse das obras deste autor, sejam policiais, como Um passado perfeito ou romances como O homem que gostava de cães . » A estas obras podia acrescentar Como poeira ao vento . Não é apenas por ...

A transparência do tempo, Leonardo Padura (Porto Editora)

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        E se a história de um crime e da sua investigação servir apenas para falar sobre muitas outras questões, presentes e passadas,  ainda assim estamos perante um policial?     Apesar de ser mais um livro protagonizado por Mario Conde, que é contratado por um antigo colega para recuperar uma estátua de uma virgem negra, esta é de facto a parte menos importante da história, quase só o pretexto para viajarmos no tempo e no espaço, sendo o elo de ligação uma estátua da Virgem negra. Viajamos entre Cuba, no presente (2014), a guerra civil de Espanha (1936), a independência catalã, as guerras de Aragão (1472), até às batalhas dos Templários contra os infiéis, em Tripoli  (1291).     E simultaneamente acompanhamos as reflexões do Mario Conde - alter ego do autor - sobre a idade, o envelhecimento e a decisão de permanecer ou abandonar Cuba. O ambiente permanece o mesmo, a relação com Tamara, os amigos, o ...

O homem que gostava de cães, Leonardo Padura (Porto Editora)

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   Depois de ouvir várias críticas favoráveis a este autor, decidi-me a procurá-lo e lê-lo. A leitura do livro "Passado perfeito" reforçou a minha vontade de ler outros livros dele e este em especial. Sabia que o tema central era o assassinato de Trotski  no México. Mas o livro ultrapassa em muito esta questão. Não sei sequer como classificá-lo. Não nos conta apenas uma história. Conta-nos muitas histórias e, a partir delas, faz-nos o retrato impiedoso do século XX, das utopias, das ideias e dos ideais e de como se morreu (se morre) por eles. Como é referido no final do livro, Ivan (o narrador/escritor mas igualmente protagonista) representa a massa, a multidão condenada ao anonimato, e a sua personagem funciona também como metáfora de uma geração e como o resultado prosaico de uma derrota histórica.     A estrutura do livro é curiosa: começa com o funeral de Ana, mulher de Ivan, que assume o papel de narrador. Ivan está acompanhado pelo seu amigo D...

Um passado perfeito, Leonardo Padura (Edições ASA)

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     Primeiro livro deste autor cubano que leio e seguramente não será o último. Um policial, muito bem construído e escrito. Mario Conde, o detective, investiga o desaparecimento de um alto quadro cubano que tinha conhecido na juventude e que tinha conquistado e casado com Tamara, por quem o detective tinha desde esses tempos uma paixão.      Um universo distinto daquele que povoa os policiais americanos e europeus (recentemente os nórdicos) que tenho lido, a começar pelo crime investigado, um crime económico. Lateralmente há referências a um caso de violação de uma menor e ao assassínio de uma criança por jovens. Mas não há litros de sangue, nem mortes brutais pormenorizadamente descritas neste livro.  Por outro lado, há referências a reuniões com sessões de autocrítica e uma consciência social que percorre o livro e a que não é indiferente o crime que é investigado - A que carga d'água alguém pode  brincar com o que é meu e é teu e...