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A sonata de Kreutzer, Lev Tolstoi (Relógio d' Água)

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    Quando escreveu A sonata de Kreutzer , Lev Tolstoi já tinha escrito os que são considerados os grandes livros da sua vida,  Guerra e Paz (1869), Anna Karénina (1877) e A morte de Ivan Ilitch (1886), a que aquele se veio juntar. Apesar de ter apreciado muito esta obra é inquestionavelmente um livro escrito no período que corresponde à segunda fase da sua vida. Conforme refere Vadimir Nabokov, citado na badana, em « finais de setenta, já passado dos quarenta anos, a sua consciência triunfou: o ético ultrapassou o estético e o pessoal, e levou-o a sacrificar a felicidade da mulher, a pacífica vida familiar e a sublime carreira literária, em nome daquilo que considerava uma necessidade moral: viver de acordo com os princípios da moralidade racional cristã - a simples e austera vida da humanidade em geral, em vez da empolgante aventura da arte individual.»     Se n' A morte de Ivan Ilitch a reflexão - a interrogação  - é sobre a morte e a...

Anna Karénina, Lev Tolstoi (Relógio D'Água)

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    Comecei este romance no final do verão de 2017 e terminei-o na manhã de 1 de janeiro deste novo ano. Demasiado tempo para mim, sobretudo considerando que, (em teoria) só demoro a ler livros que não me mantêm interessada. Não foi o caso. Este livro é muito bom e, sem dúvida, deve ser lido. Mas é enorme. E refiro-me mesmo à parte física; como a maior parte do meu tempo de leitura acontece nos transportes, um livro tão grande e pesado traz alguns problemas de logística. Por isso, arrastei a leitura; mas cada vez que a retomava, queria continuar.     Pensei que houvesse já uma revisão feita, aqui no blogue, mas aparentemente o livro foi lido pela minha mãe em 2009 - antes de o termos iniciado.    Antes de começar a ler tinha já uma ideia dos traços gerais da história de Anna Karénina, por ser o clássico de literatura que é e porque já tinha visto o filme em 2012 (cujo momento alto foi quando uma rapariga atrás de nós comentou, preocupada "...

De quanta terra precisa o homem e outros contos, Lev Tolstói (Relógio d'Água)

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    Como sempre, parto para férias com a convicção que vou ter muito tempo para ler e, por isso, carregada de livros, muitos dos quais regressam a casa por ler.      Comecei a leitura de férias deste ano com este livro De quanta terra precisa o homem e outros contos e o tempo que levei a concluí-lo não resultou apenas da falta de tempo para o ler mas também da falta de vontade de pegar nele e continuar a leitura. Com exceção do primeiro conto, Polikuchka, os restantes são contos que Lev Tostói escreveu nos anos oitenta do século XIX e a grande maioria já no século XX, poucos anos antes da sua morte.      Do que conheço da vida do autor, reforçado pela nota da badana, extraída de Aulas de literatura russa de Vladimir Nabukov, estes contos correspondem à segunda parte da sua vida:     Em finais de setenta, já passado dos quarenta anos, a sua consciência triunfou: o ético ultrapassou o estético e o pessoal, e levou-o ...

A morte de Ivan Ilitch, Lev Tolstoi (Leya, SA)

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   Nos últimos meses li várias referências a este livro. A que mais me impressionou foi a menção que lhe é feita por João Lobo Antunes numa entrevista ao Expresso (publicada a 24 de dezembro de 2015). Curiosamente, o prefácio desta edição é de António Lobo Antunes que o descreve como fazendo o retrato implacável da nossa condição: não há sentimento que nele não figure, não há emoção que não esteja presente.     Acabei de o ler e voltei ao início, porque senti que não tinha conseguido apreendê-lo na totalidade. E lido uma segunda vez, volto a sentir o mesmo. Há um quase paradoxo entre a dimensão do livro (não chega a ter cem páginas) e a imensidão e profundidade das questões tratadas. Fala da morte, é sabido. O título denuncia-o. Mas trata  igualmente da vida, da forma como vivemos quando a morte não está nos nossos horizontes e depois, perante a morte, como se reduz e fica condicionada no tempo e no espaço.  ( Não é possível que a vida seja assim ...