Todos devemos ser feministas, Chimamanda Ngozi Adichie (Leya - Dom Quixote)

    Há uns tempos, a conversar com um amigo - já não me recordo do tema da conversa - ele diz-me algo como "Às vezes pareces mesmo feminista. Eu sei que não és, calma! Mas pronto, é como falas do assunto." Surpreendida respondi-lhe "Como não sou? Claro que sou feminista!" E a minha vontade era mesmo ter dito: "E nos tempos que correm não compreendo como alguém pode não o ser.".
    Este meu amigo, com quem gosto bastante de conversar, porque é uma pessoa informada e aberta ao diálogo, tinha, infelizmente, a ideia errada - e aparentemente recorrente - do que é o feminismo. Não, não é um monstro hediondo que quer subjugar os homens às vontades e caprichos das mulheres. É tão-só a igualdade de género.
    O assunto é abordado de forma muito simples neste livro, que a minha mãe tentou que o meu irmão - também ele, incompreensivelmente, a meu ver, ainda com a ideia errada do que é o feminismo - lesse. O livro resultou da adaptação de uma intervenção da autora na TED. Lê-se num instante e facilita o esclarecimento. Afinal, quem não gosta de se tornar um pouco mais culto?
    Deixo aqui apenas duas passagens curtas:

    Os seres humanos viviam num mundo onde a força física era o atributo mais importante para a sobrevivência: quanto mais forte a pessoa, mais hipóteses tinha de liderar. E os homens, de uma maneira geral, são fisicamente mais fortes. Hoje (...) a pessoa mais qualificada para liderar (...) é a mais inteligente, a mais culta, a mais criativa, a mais inovadora. Tanto um homem como uma mulher podem ser inteligentes, inovadores, criativos.

    «Porquê usar a palavra feminista? Porque não dizer que acredita nos direitos humanos (...)?» Porque seria desonesto. O feminismo faz, obviamente, parte dos direitos humanos de uma forma geral - mas escolher uma expressão vaga como direitos humanos é negar a especificidade e particularidade do problema do género.

    Nota: O livro inclui ainda o conto "Casamenteiros" sobre uma mulher nigeriana que é dada em casamento a um estudante de medicina, também nigeriano, mas a viver na América.

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