Os enamoramentos, Javier Marías (Editora Objectiva)

Não vou contar a história porque não quero tirar o prazer de a descobrir através da sua leitura. Por isso só posso dizer que é um livro sobre a vida, o luto, a morte e a irreversibilidade da morte. E sobre a forma como a sofremos e como refazemos a vida e nos refazemos, não admitindo o regresso dos mortos ainda que tal fosse possível.
E é também um livro sobre enamoramentos. E é também um livro sobre a dúvida. E é também um livro sobre livros, dado que a protagonista, Maria, trabalha numa editora. Mas é um livro em que entram outros livros, como O Coronel Chabert, de Honoré de Balzac e Os três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas.
A história é entremeada de reflexões que se prolongam mesmo após termos virado a última página.
Não resisti a roubar algumas frases:
É outro dos inconvenientes de ser vitimado por uma desgraça: em quem a sofre os efeitos duram muito mais do que dura a paciência dos que se mostram dispostos a ouvi-lo e a acompanhá-lo, a incondicionalidade nunca é muito longa e tinge-se de monotonia.
...qualquer desdita tem uma data de caducidade social, que ninguém está disponível para a contemplação do desgosto, que esse espectáculo só é tolerável durante uma breve temporada, enquanto nele ainda existe comoção e dilaceração e uma certa possibilidade de protagonismo para os que olham e assistem, que se sentem imprescindíveis, salvadores, úteis.
Uma palavra final para a capa que é belíssima e que é da responsabilidade da Groove Design.
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