A cabana dos peixes que voam, Chiew-Siah Tei (Publicações Europa-América)

Como previsto pelo Mandarim que lhe dá o nome, Minghzi torna-se, também ele Mandarim, para orgulho do avô, um caminho que trilhou praticamente sem opção, ainda que tivesse como vantagem a possibilidade de fugir da mansão e do domínio do Sr. Chai. É durante os estudos que vai para a sua primeira casa que batiza de A Cabana dos Peixes que Voam, por causa das carpas que lhe fazem companhia de noite. No entanto, é atirado ao mundo numa altura de mudança, uma China cobiçada pelo mundo e onde se impõem novos costumes. Para ele é uma surpresa - agradável - fazer amigos estrangeiros, e uma surpresa ainda maior quando um deles he pergunta:
- Não compreendo. Porque o usam ["o cabelo entrançado e a cabeça meio rapada"] se não gostam?
Minghzi pensa nas palavras dele e no significado implícito: não precisa de fazer nada contra sua vontade.
Não preciso?
Não precisamos?
A vida dele é solitária, ainda que conhecendo o afeto da sua mãe e do Tio Liwei e de ser, dentro do possível, muito próximo da irmã. Busca constantemente amigos e amor, acima de todas as convenções e obrigações impostas pela sociedade e pelo ancião do clã Chai. Apesar de todas as tragédias que vão recaindo sobre a família, a essência do avô não muda:
Vê os olhos invisíveis dos antepassados a espreitarem de cantos, com os dedos a apontarem na escuridão; ouve os risos escarninhos por detrás das paredes, e sabe porquê. O livro ancestral da hierarquia tem sido reescrito, o seu nome mudado de lugar - ou riscado, talvez. É demasiado vergonhoso para o Clã Chai, um objeto de ridículo entre as dezoito gerações de antepassados no mundo dos mortos (...)
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