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A mostrar mensagens de julho, 2018

O Gigante Enterrado, Kazuo Ishiguro (Gradiva)

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    Este livro foi-me difícil de ler, por vários motivos. Em primeiro lugar, custou-me não me sentir impelida a ler em todos os momentos - algo que já sentira com Remains of the Day e que me deu semelhante sensação de desilusão, após a leitura de Nunca Me Deixes . Em segundo lugar, porque me parecia inicialmente que prometia uma história de descoberta pelos recônditos da memória, numa alegoria aos seus segredos, usando como pretexto os tempos após Rei Artur; na verdade acabou por se tornar mais uma aventura de cavaleiros, duelos, criaturas míticas... Por fim, e talvez por ter demorado bastante tempo a ler e bastante tempo à espera do esclarecimento que nos seria dado quanto ao que a "névoa" que apagava as memórias das pessoas da região escondia, não consegui - de início - compreender o fim, além do que me senti enganada ao não ver as minhas dúvidas respondidas. Foi preciso algum tempo de reflexão e debate para que o meu namorado sugerisse uma hipótese que, de repente, fazi

Orgia dos loucos, Ungulani Ba Ka Khosa (alcance editores)

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    Nunca tinha lido nada deste autor, que já tem vários livros publicados, um dos quais (Ualalapi) foi considerado um dos 100 melhores romances africanos do século XX. Apesar disso, não consegui encontrar livros dele entre nós. Este livro  foi-me recomendado quando estive em Maputo, em 2017, mas só agora o li.     Conforme é dito na contracapa, a obra, composta por nove contos, tem « como plano central a imagem de um país independente, mergulhado na guerra civil e marcado pela escassez, pela pobreza e pelo aviltamento da cultura endógena». E, contudo, é de uma beleza surpreendente:     « O tempo entrou pela casa adentro e vagueou como um pássaro ferido pela sala enorme e moribunda, procurando as frestas por onde se infiltrou e estancou, reduzindo os séculos e séculos de luz em pó e cinza. As lascas de tinta caíam do tecto e das paredes, formando figuras estranhas e desconhecidas no chão sujo; as baratas e os ratos circulavam sem pudor, brincando na luz e na sombra, passeando p

La solitude du docteur March, Geraldine Brooks (Pocket)

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       Este livro significou muito para mim há alguns anos. Em 2004, a minha mãe estava a recuperar de um gravíssimo problema de saúde e a minha amiga Cinda falou-me neste livro. Pensei que a minha mãe gostasse de o ler, dada a sua ligação ao livro As mulherzinhas, de Louise May Alcott, que não só tinha lido e relido, como tinha insistido comigo e com a minha irmã, quando éramos miúdas, para que o lêssemos.     A primeira e a última páginas deste livro, La solitude du docteur March, têm assinalados os dias de início e fim da sua leitura (04.04.2014 a 26.06.2014) e confirmam o interesse que teve na sua leitura, numa fase em que ainda estava muito debilitada.     Confesso que fiquei muito surpreendida por ter encontrado o livro As Mulherzinhas no desafio 100 livros da BBC, mas penso que a leitura deste livro mo fez ver sobre uma outra perspetiva, embora me pareça que o mérito é, sobretudo, deste último. Provavelmente se o lesse agora teria uma visão distinta, mas a ideia que conserv