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A mostrar mensagens de setembro, 2018

Na vertigem da traição, Carlos Ademar (Parsifal)

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 Gosto de ler policiais, não pelo fascínio de descobrir antecipadamente o criminoso, mas pela trama que é tecida à volta do crime e da descoberta.      Já li outros livros deste autor, Carlos Ademar, e, particularmente no anterior, O Chalet das Cotovias , gostei das possibilidades em aberto relativamente a um crime cujo responsável nunca foi descoberto.     Também neste livro, como naqueloutro, não me pareceu que o autor receasse explorar o que não era factual, ou falhasse aqui, como em livros de outros autores, em que percebemos o que é verdade e o que foi  imaginado para colmatar os espaços em branco ou para reforçar a história que se quer contar.     A história, como consta na capa, é sobre Miguel Domingos, que foi encontrado morto num pinhal nos arredores de Lisboa, em 1951. Miguel Domingos era membro do Partido Comunista Português, vivia na clandestinidade e depois de ter estado na origem da revolta da Marinha Grande, viveu em Espanha e França, onde combateu contra Franco e

Textos de guerrilha, Luiz Pacheco (ler, editora)

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    Tenham sido as férias boas, tenham sido as férias más, no momento em que entramos no prédio, carregados de malas, abrimos a caixa do correio e nos caem contas em vez de cartas só nos apetece voltar para trás. Retroceder e fingir que não é connosco. Que ainda temos mais uns dias sem horas, sem transportes, sem aquela correria do dia a dia. Mas este ano, pelo menos este momento, foi diferente. Quando abri a caixa de correio, as contas estavam escondidas por um imenso envelope pardo onde descobri a letra inigualável da Cinda. Abro o envelope e encontro dentro os dois volumes dos Textos de Guerrilha, de Luiz Pacheco:     E a boa disposição prosseguiu com a leitura destes volumes. Apesar do tempo passado, ou mesmo por causa do tempo que passou, as histórias e as personagens que as povoam têm imensa graça ou surpreendem-nos. Desde o Solnado, ao Cesariny, passando pelo Almada, pela Natália Correia, mas também por políticos como o Maldonado Gonelha, o Vasco Gonçalves ou o Ramalho E

Babilónia, Yasmina Reza (Quetzal)

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  Conhecia esta autora apenas através do filme O Deus da Carnificina. No início das férias, comentava livros e autores com o meu irmão e apercebemo-nos que, embora os tivéssemos confundido inicialmente, estávamos a falar de autores diferentes. Enquanto ele falava de Yasmina Reza, eu falava de Yasmina Khadra e a conversa terminou com conselhos de leituras cruzadas. Poucos dias depois, quando visitava a Livraria de Santiago, em Óbidos , encontrei este livro que comprei e comecei a ler de seguida.     O início do livro lembrou-me muito o livro Mrs. Dalloway , de Virginia Woolf. Se em Mrs. Dalloway a ação decorre integralmente num dia, e à volta da preparação da festa que ocupa quase obsessivamente o pensamento de Clarissa Dalloway, também a primeira parte deste livro é ocupado com a preparação da festa da primavera, em casa de Elisabeth e Pierre, que nunca tinham feito nada do género, nem festa, nem convívio, muito menos de primavera. O que tinha começado por um pequeno jantar de amig