Orgulho e preconceito, Jane Austen (Romano Torres)

O primeiro, Orgulho e Preconceito, custou-me mais a ler do que pensava. Confesso que tenho alguma incapacidade para compreender o sucesso e a perenidade desta obra, mas quando se a lê pela primeira vez, há uma imensa expetativa relativamente ao desenvolvimento e desfecho da história que é contada e especialmente da relação entre Lizzie e Mr. Darcy. Quando se conhece a história (e as histórias) de fio a pavio, se dá
rosto às personagens e quase que se sabe de cor algumas falas, a leitura
é relativamente fastidiosa, apesar de simples.
Reconheço o carácter precursor do livro (publicado pela primeira vez em 1813, embora tivesse sido concluído 16 anos antes), mas penso que o seu sucesso se deve sobretudo ao facto de as leitoras - ainda nos dias de hoje - se identificarem imediatamente com Lizzie. As outras irmãs e amigas não têm a densidade dela, e quase que as conseguiríamos descrever utilizando um único adjetivo para cada uma. Já Lizzie revela uma complexidade que não só a torna mais interessante como garante a empatia e compreensão imediatas. Por outro lado, Darcy tem as características que, sobretudo na juventude, desejamos encontrar num homem.
O livro já teve algumas sequelas, pouco conhecidas e muito inferiores ao Orgulho e Preconceito, como Longbourn de Jo Baker e a Independência de uma mulher, de Colleen McCollough, e já foi adaptado várias vezes ao cinema, embora, em minha opinião, nunca tenha contracenado o par perfeito.
Nesta leitura, verifiquei com surpresa que a imagem que guardava de algumas personagens não correspondia à que encontrei, sobretudo do pai, Mr. Bennett, que antes descreveria como um homem culto, cínico q.b., distante, mas afetivo com as filhas, e que, agora, me pareceu egoísta e irresponsável. Em 2013, nos duzentos anos da publicação do romance, o jornal The Guardian publicou um artigo onde diversos
escritores da atualidade analisam as várias personagens
desta obra e que coincidem com esta minha leitura quanto a Mr. Bennett, que consideram um rufia.
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Concordo com grande parte da crítica. Passei anos a aspirar ser a Lizzie... até chegar aí aos 26. Depois passou-me. Na juventude (ainda lá estou.... mas numa mais anterior), é um livro apaixonante; mas de entre os vários que li por essa altura (O Monte dos Vendavais, Jane Eyre, Mataram a Cotovia, etc), esse não é o que mais gosto. Mas é um livro que marca, de jovens, e que creio que fica sempre um pouco connosco. Só não concordo com o comentário das adaptações para cinema. Gosto muito da de 2005; acho que está muito bem realizada, bonita e com uma banda sonoro que adoro. (Porém, creio que nunca vi outra...)
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