Harry Potter e a Ordem da Fénix, J. K. Rowling (Editorial Presença)

Opinião de Harry Potter e a Ordem da Fénix, de J. K. Rowling, no blogue Clube de Leituras
    Sou daquele tipo de leitores chatos que não aceitam ouvir sequer uma linha à frente do que estiverem a ler, porque querem descobrir tudo o que se vai passar e saborear essa mesma descoberta. Porém, quebro essa regra a cada (re)leitura dos livros da saga Harry Potter. 
    Tendo decidido voltar a lê-la de fio a pavio este ano, confesso um grande prazer em revisitar este mundo mágico, como já terá ficado evidente nas minhas entradas sobre os livro um, dois, três e quatro. Para meu espanto, descubro mesmo um prazer renovado nestas leituras, pois já passaram quase dez anos desde que comecei a ler saga, e aquilo que me desperta a atenção hoje é diferente do que me encantava antes. Direi mesmo que, no caso de HP, é o saber a história já que me dá tanto gozo em lê-la, não só porque parece que estou a reencontrar amigos de há muitos anos, mas também porque consigo apreciar a criatividade e a coerência da autora. Como sei o que vai acontecer à frente, estou mais atentas às pistas que ela pode ter deixado antes - e são várias!
    No quinto ano de Harry em Hogwarts, o mundo está virado do avesso. Voldemort voltou, mas apenas Harry e os amigos, Dumbledore e os membros da reinstaurada Ordem da Fénix parecem acreditar nisso e procuram reunir forças para travar a ascensão do feiticeiro negro. E o Ministro da Magia faz tudo para desacreditar Harry e Dumbledore, convencido que tudo não passa de uma manobra do último para ficar com a sua posição. Se a vida de Harry não estivesse já suficientemente complicada com os colegas a deixarem de lhe falar ou a apontarem para ele nos corredores, enquanto sussurram, nada ajudam os pesadelos constantes e o constante mau humor que parece acompanhá-lo o tempo inteiro, sem que ele consiga controlá-lo. Mas será que é apenas isso? Ou, com o regresso de Voldemort, terá a ligação entre ambos estreitado?

    «Ocorreu-lhe, então, um pensamento verdadeiramente terrível, uma recordação que lhe aflorou à mente e lhe contorceu as entranhas como serpentes.
    De que anda ele atrás, para além de seguidores?
    Algo que só obterá furtivamente... como uma arma. Algo que não tinha da última vez.
    Sou eu essa arma, pensou Harry, e pareceu-lhe que um veneno lhe percorria as veias, gelando-o e fazendo-o suar (...)»

    Finalmente obtemos várias respostas às perguntas que nos assombram desde o dia 1: porque é que Voldemort tentou matar Harry quando ele era bebé? Porque é que não conseguiu?

    «O sacrifício da tua mãe fez dos laços de sangue a maior proteção que eu te poderia dar. (...) Enquanto o teu lar continuar a ser no sítio onde corre o sangue da tua mãe, o Voldemort não te poderá fazer mal. Ele derramou o sangue dela, mas este sobrevive em ti e na sua irmã. O sangue da tua mãe tornou-se o teu abrigo

    Mas trata-se apenas do levantar do véu. Voldemort não conseguirá esconder o seu regresso por muito mais tempo, e os feiticeiros terão de mostrar de que lado estão.

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