A Persuasão Feminina, Meg Wolitzer (Teorema)
Decidi-me a comprar e a ler este livro porque me foi duplamente recomendado, pela Chimamanda Ngozi Adichie, escritora que muito aprecio (e de quem já tenho saudades), e que, de acordo com a capa, considerou A Persuasão Feminina «Profundo e Autêntico. Um livro maravilhoso» e pela Sofia, que, neste blogue, fez a recensão de um outro livro de Meg Wolitzer, Os Interessantes, de que gostou muito.
Não gosto de livros escritos para mulheres, apesar de gostar de livros protagonizados por mulheres e procurar - sobretudo ultimamente - ler mais livros escritos por mulheres. Mas não gosto de ler um livro a pensar que foi escrito para um público feminino, como por exemplo, A Cozinheira de Castamar, de Fernando J. Múñez, que diz que o escreveu a pedido da mãe: «Filho, escreve algo para mim.» E este livro é obviamente escrito para um público feminino.
A Persuasão Feminina talvez interesse a jovens estudantes universitárias ou no início da sua carreira profissional, mas confesso que a dada altura só a curiosidade de saber como a história acabava me levou a ler até à última página. A Persuasão Feminina é um livro dentro de outro, ou seja é o título do livro de uma feminista, de uma outra geração da protagonista, de nome Greer, mas cujo conteúdo ou tese nem sequer é clara. Curiosamente, no início do livro, Faith Frank, a feminista mais velha, autora da obra que dá o título a este livro, aconselha Greer e a amiga, a deixarem de perseguir um estudante que assediou a primeira sexualmente, bem como outras estudantes, para evitar que ele se tornasse a vítima. Nem sequer pondera falar com os professores, a convite de quem fora falar à universidade, para que seja revista a situação e a indiferença com que estes caso são tratados. Já quase no final, ficamos a saber que este antigo estudante gere um site de pornografia de vingança, o que leva Greer a questionar o conselho que então recebeu.
Para além do mais, Faith, com quem Greer vai trabalhar, aceita dinheiro de uma empresa duvidosa, em termos de legalidade e, sobretudo, em termos éticos, para poder prosseguir a atividade da sua fundação. Mas no final, Greer segue um caminho simétrico ao de Faith, publica um livro e faz preleções e sente que faz parte de uma linha contínua de mulheres que vão passando o testemunho.
Assumindo-me feminista, não me reconheço neste tipo de feminismo, e na ideia de que o fim justifica os meios. Não me identifico também com a falta de solidariedade que em momentos cruciais emerge entre as personagens femininas, como se fosse uma inevitabilidade ou uma marca da relação entre mulheres.
Facto curioso é a relação de Greer com Cory, filho de um casal emigrante português e o contraste entre as famílias de um e de outro.
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