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A mostrar mensagens de 2016

Livros para 2017

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    Juntei todas as festas do ano numa semana, Natal, aniversário e passagem do ano. Numa semana despacho tudo. Durante a minha infância e juventude senti-me imensamente injustiçada. Poucos amigos estavam por cá e, muitas vezes, as prendas eram dadas em conjunto, ou pelo menos apresentadas como tal. Para piorar as coisas, a minha avó paterna, já então acamada há vários anos, veio a falecer no meu dia de anos. Justamente quando dei a maior festa que me recordo. Seguiram-se muitos anos de comemorações discretas, com a família próxima apenas.     É quase ousado dar um festa entre o Natal e a passagem do ano, ainda estamos a recuperar da primeira e já nos estamos a preparar para a segunda. Não nos apetecem doces, nem festas.      Com o passar do tempo fui-me habituando a esta comemoração tranquila, entalada entre duas festas. A idade traz destas coisas. A vantagem do aniversário entre estas datas é que numa semana reencontro e falo com família e amigos e junto muitas prendas. Livros s

Numa casca de noz, Ian Mc Ewan (Gradiva)

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    A minha amiga Ana ofereceu-me este livro pelo Natal. Como o recebi uns dias antes, não resisti e comecei a lê-lo de imediato. Já li vários livros deste autor, a maioria dos quais adorei. Para além de  Expiação , são inolvidáveis outros como  O fardo do Amor ,  Na praia de Chesil ,  Cães Pretos  e, mais recentemente,  A balada de Adam Henry .     Este livro, Numa casca de noz , foi, por isso, uma desilusão. Na badana, o editor refere que  «no ano em que se assinala o quadricentenário da morte de Shakespeare, qualquer semelhança entre Hamlet e Numa casca de noz não é pura coincidência» .     Em  Numa casca de noz o narrador é o feto, o filho por nascer de Trudy e de John. John é um poeta, professor e editor de poetas, praticamente falido. Trudy, casada com ele, é uma mulher particularmente bonita, que reside sozinha na casa de família de John, a pretexto de ter de pensar na relação de ambos e é amante do seu cunhado, um próspero e ambicioso mediador imobiliário. Ambos decidem m

A vida em surdina, David Lodge (Asa)

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        David Lodge tem a qualidade de nos levar para o universo dele logo às primeiras palavras. Lemos o início do livro e estamos lá, ao lado  daquele indivíduo de óculos, alto e grisalho, parado na orla da multidão, com o tronco inclinado para a frente e quase em cima da rapariga de blusa de seda vermelha. S abemos depois que aquele indivíduo é Desmond, o protagonista, o autor provavelmente.     Desmond é um professor universitário, reformado, casado com Fred - diminutivo de Winifred - que é sócia de uma loja de  decorações em clara expansão. É o segundo casamento de ambos, na sequência, no caso de Desmond, da morte da primeira mulher.      O livro decorre entre novembro de 2006 e março de 2007, sendo escrito na primeira pessoa, como se de um diário se tratasse ( isto parece estar a tornar-se uma espécie de diário, ou notas para uma autobiografia, ou porventura uma simples terapia ocupacional ) e na terceira pessoa, entrando em cena um narrador que é simultaneamente um observ

A biblioteca das sombras, Mikkel Birkegaard (Porto Editora)

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Confesso que este livro me dividiu. Apesar das advertências da Maria João quando me emprestou o livro (Acho que não é muito o teu género...), comecei por ficar fascinada. A primeira frase do livro dá o tom:    Para Luca Campelli, o desejo de morrer no meio dos seus adorados livros tornou-se realidade já tarde numa noite de Outubro.     E o que aparentava ser uma morte natural, foi afinal causada por outros, como aliás a da sua mulher muitos anos antes. O filho, um advogado cheio de sucesso, sobretudo pelas alegações finais que produzia em tribunal, é informado da morte do pai e tem que decidir o que fazer à livraria que herdou e é então que toma conhecimento dos Lectores e dos Recetore s.    Os primeiros, quando lêem um texto em voz alta, conseguem influenciar a experiência e a atitude do ouvinte em relação ao que está a ser lido, existindo textos ou suportes mais adequados: O potencial do texto pode depender de ser lido de um monitor, de uma vulgar fotocópia ou de uma primeir

A jogadora de Go, Shan Sa (Notícias Editorial)

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    Depois de ter descoberto esta autora, li quase de seguida três livros dela. Este último, A jogadora de Go, foi aquele que mais gostei. Pode não ter o fôlego do livro A Imperatriz ou o suspense constante de Os conspiradores mas é o mais sentido.    O livro é narrado a duas vozes, a de uma jovem chinesa, residente na Manchúria e a de um soldado japonês, destacado para aquela região. A ação decorre durante a invasão da Manchúria pelo exército japonês.     Os capítulos pertencem-lhes alternadamente. Os dois encontram-se diariamente na Praça dos Mil Ventos para jogarem Go. Um jogo que os acompanha ao longo das páginas e que vai tecendo uma relação entre eles feita praticamente sem palavras. Ela ignora a nacionalidade dele, até porque ele se faz passar por chinês para espiar os jogadores, missão de que foi encarregue por um capitão do exército japonês convencido que o Go é apenas um disfarce: é nesta praça que os nossos inimigos combinam os seus golpes delirantes, a pretexto de u

O Luto de Elias Gro, João Tordo (Companhia das Letras)

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    Foi estranho para mim ler este livro, uma vez que, como penso já ter mencionado em entradas anteriores, fiz um curso de escrita com o João Tordo. Do pouco que pude conhecer dele, confesso que, em alguns momentos, me senti uma intrusa a espreitar sem autorização uma fase - muito dolorosa - da sua vida. Isto porque me foi impossível dissociar-me desse conhecimento, ou seja, enquanto lia era como se a história me estivesse a ser narrada pelo próprio autor e, não poucas vezes, dei por mim a perguntar-me onde terminava a realidade e começava a ficção.     Usando como cenário uma ilha algures no Atlântico, onde se fala francês, o escritor veste-se de um narrador presente que, para todos os efeitos, decidiu deixar de viver. Nessa ilha, num farol há muito desabitado, tenta refugiar-se dos seus fantasmas por intermédio da bebida e da inércia. Mas não é bem sucedido porque, mesmo sem o querer, acaba por se envolver com os habitantes da ilha, particularmente com Elias Gro ( Eu não o largo.

Outlander - Nas Asas do Tempo, Diana Gabaldon (Casa das Letras)

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    Depois de umas semanas numa das minhas "crises de livros" - aquelas alturas em que começo um novo livro a cada dois dias porque não há nenhum que me agarre - uma amiga minha emprestou-me este tomo de quase 800 páginas. Já tinha ficado curiosa com a série televisiva e, ao saber que havia um livro de base - mais!, que havia uma série de, pelo menos, sete livros - fiquei bastante entusiasmada com a possibilidade de voltar a mergulhar em mundos alternativos durante um período alargado de tempo. E, sim, o livro agarrou-me.    Trata-se da história de Claire Beauchamp, criada por um tio historiador, após a morte dos pais, e casada, mais tarde, com o também historiador Frank Randall. Devido à Segunda Guerra Mundial, passam a maior parte do seu casamento separados. Com o cessar-fogo, reencontram-se e decidem fazer uma segunda Lua de Mel onde haviam feito a primeira: na Escócia. E é num dos passeios pelas Terras Altas que Claire é atraída para uma pedra fendida num monumento d

Granta, África

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    Assinei os primeiros números desta revista e deixei de o fazer apenas porque tenho pouco tempo para ler e, de repente, senti que tinha substituído os livros pela revista. Confesso que gosto muito de ler contos, para alguns uma forma menor de literatura, mas confesso que, quando são bons, me deixam, com frequência, um sabor amargo na boca. Como se faltasse qualquer coisa, um pouco mais, pelo menos.     O tema deste número, África, foi para mim surpreendente. Penso que África é o único continente que pode ser mote para reunir diversos autores e para criar nos leitores (pelo menos nos portugueses) a expectativa da leitura. Não imagino um número sobre a Europa ou a Ásia, e interrogo-me sobre o porquê desta diferença. Talvez África ainda ocupe um espaço mágico e selvagem nos nossos imaginários que nos faz ignorar a diversidade e incluir sob a designação do continente, realidades muito diversas e mal conhecidas fora dele.      Não tenho o hábito de ler uma revista pela ordem com

Les Conspirateurs, Shan Sa (Albin Michel)

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   Li este livro que foi, tal como A Imperadora, emprestado e recomendado pela Rita. Li-o em francês dado que não foi traduzido para português. Tive oportunidade de, entretanto, ler algumas críticas francesas e verifiquei que é considerado uma obra menor e um pouco decepcionante para os apreciadores das obras anteriores de Shan Sa. Concordo que este livro  não tem o fôlego do livro A Imperadora , nem o suspense das obras clássicas de espionagem, mas penso que Shan Sa se limitou a utilizar este jogo de espiões para, através deles, e como se tratasse de um jogo de espelhos, estabelecer relações entre as personagens e nos devolver diferentes imagens e convicções relativamente aos países envolvidos - China, França e EUA.     Há um trio de personagens, Ayamei, figura central dos eventos ocorridos em Tianan men, refugiada em França onde continua a luar pelos direitos humanos na China, Jonathan, americano, engenheiro alimentar e que se apresenta como membro de uma organização designada

Flores, Afonso Cruz (Companhia das Letras)

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   Na mesma "Festa do Livro" onde fui ouvir falar José Luís Peixoto sobre a sua peça " Estrangeiras ", adquiri este romance de Afonso Cruz.      Não conhecia nada do autor a não ser que a minha mãe já lera " O Pintor debaixo do Lava-loiças " e gostara muito. A mim, foi o excerto escolhido para figurar na contracapa que me cativou; e de tal maneira que, ao contrário do que sempre faço, nem precisei de ler o resumo da história.      Na altura em que comprei o livro estava a ler outro - e eu sou o tipo de leitora que não lê mais do que um livro de cada vez. Malgrado meu (ou, neste caso, bom) não o levara comigo por pensar que não teria oportunidade de o ler. Assim, quando tive de ficar a aguardar pela conversa, comecei a espreitar este romance novo. E fiquei imediatamente agarrada a ele. A escrita é lindíssima. Quatro folhas volvidas e começaram as dobras nos cantos, para assinalar passagens particularmente bonitas (« (....) quando penso nisso, percebo

Caçadores de cabeças, Jo Nesbo (publicações D. Quixote)

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     A Maria João emprestou-me este livro e mal consegui largá-lo até à última página. Não é um policial clássico. Estamos do lado dos maus, mas aparentemente são-o todos ou quase todos, o que leva a reviravoltas absolutamente surpreendentes até ao final do livro, o epílogo.     Não se trata de crimes passionais ou perpetrados por pessoas desequilibradas. E se o móbil é o dinheiro ou a posição social, também surpreende que os criminosos sejam pessoas bem integradas socialmente e com excelentes níveis de vida. Igualmente surpreendente é a descrição do relacionamento de Roger Brown, o protagonista, e Diana, a sua mulher, que diz a dado momento: "O equilíbrio é crucial. Isso aplica-se a todas as relações boas, harmoniosas. Equilíbrio na culpa, equilíbrio na vergonha e na consciência pesada."     A ação decorre vertiginosamente e o leitor pensa que acompanhou tudo mas percebe no final que foi ludibriado. A conversa final dos dois - Roger e Diana - é como o remate dos clás

O prisioneiro do céu, Carlos Ruiz Zafón (Planeta)

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    Já li há algum tempo o livro A Sombra do Vento que, juntamente com O Jogo do Anjo e O Prisioneiro do Céu , fazem parte de um ciclo de romances que se enredam no universo literário do Cemitério dos Livros Esquecidos. Os romances que fazem parte deste ciclo, segundo o autor, podem ser lidos por qualquer ordem ou separadamente, mantendo, mesmo assim, um entendimento claro da obra.      Revi agora o post que publiquei após a leitura de A Sombra do Vento e o encanto que senti pela sua leitura foi idêntico ao que me acompanhou logo nas primeiras páginas deste livro. Mas há um encadeamento lógico nestes volumes que me fazem arrepender de pelo meio não ter lido O Jogo do Anjo. Neste volume, Daniel regressa ao cemitério dos livros esquecidos mas não há uma explicação tão completa sobre o mesmo como a que aparece naquele outro livro. Continuamos em Barcelona e as personagens são as mesmas, apenas o tempo passou. Adensam-se os elementos e as dúvidas sobre a morte de Isabella, mãe de

O livro de San Michele, Axel Munthe (Livros do Brasil)

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     Como tinha previsto, durante as férias, ir ao Mont-Saint-Michel, na Bretanha francesa, decidi ler este livro de que me recordo desde sempre nas estantes dos meus pais, e de os ouvir falar dele com admiração. Sempre pensei que o livro teria algo que ver com a abadia que foi erigida no Mont-Saint-Michel ou com a sua história.     Não é a primeira vez que o título de um livro me engana. O caso mais engraçado de que me recordo é o de um livro, também dos meus pais, que estava numa estante no corredor da casa deles, numa das prateleiras mais altas e cuja lombada ostentava o título Parto sem dor . Noutra prateleira estava o livro de Ferreira de Castro, Emigrantes . Depois de ler este último e fascinada com o livro e com o tema decidi avançar para o Parto sem dor , convicta de que se tratava da mensagem de despedida de um emigrante. Não era. Era um livro sobre o parto sem dor o que de imediato compreendi pelas imagens. Em minha defesa, recordo a belíssima canção de Sérgio Godinho

Estrangeiras, José Luís Peixoto (Rosa de Porcelana)

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    Decorreu, este fim de semana, a Festa do Livro na Amadora. O programa tinha vários pontos de interesse mas acabei por ir apenas assistir a uma conversa entre José Luís Peixoto e Filinto Elísio, cujo ponto de partida era a peça de Peixoto - "Estrangeiras".      Antes deste livro, que consiste praticamente no guião da peça, não tinha lido nada do autor, mas prometi-lhe, no momento em que ele o autografava, que leria o seu último - Galveias.     A conversa foi muito interessante, tanto que foi inevitável comprar o livro o fim da sessão. Como é um livrinho pequeno e a fila para autógrafos era enorme, acabei por lê-lo praticamente todo mesmo ali, enquanto aguardava a minha vez.      A história junta três mulheres - uma portuguesa, uma brasileira e uma cabo-verdiana - numa sala do serviço de fronteiras num aeroporto americano, enquanto aguardam autorização para entrarem no país.     Se as une a lusofonia, separa-as de forma muito marcada a noção de superioridade que

A filha do conspirador, Philippa Gregory (Civilização Editora)

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    Já li alguns livros da Philippa Gregory e mantenho - ou vou confirmando, em cada um - a minha opinião geral: os seus pontos fortes, para mim, são a escrita simples, na primeira pessoa e sempre na perspetiva de uma mulher, levando a que seja uma leitura leve e que agarra, ao mesmo tempo que nos transporta para os séculos remotos da corte inglesa, entre os períodos da Guerra dos Primo e, mais tarde, dos Tudor. Além disso, como cada livro se centra principalmente numa mulher em particular, interveniente nesse período, temos geralmente pontos de vista contrastantes, o que se torna muito interessante.     No entanto, também torna a leitura cansativa, se decidirmos ler alguns livros de seguida, porque parece que há muita repetição de informação - e esse é um dos seus pontos fracos. O outro é que, se a escrita é simples e acessível, não é particularmente brilhante. Não a considero uma grande escritora.     Já tinha este livro havia alguns anos, desde a altura, desde a altura em que

Bécherel, cité des livres

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    De férias na Bretanha francesa, a caminho de Rennes vinda de San Malo, reparei numa tabuleta a meio do caminho que anunciava Becherel cité des livres . Resolvi sair da autoestrada e procurar esta vila dos livros, intrigada que estava com a designação. Alguns quilómetros depois entrámos na vila de Becherel e estacionámos numa pequena praça, com casas antigas e várias livrarias, com mesas e caixotes cheios de livros numa rua onde não faltavam gatos.    Falando com uma livreira, descobri que Becherel não era uma criação recente nem única.   Em França existem 8 cidades ou vilas do livro, destinos de turismo cultural que visam promover o livro antigo e recente e oferecer uma alternativa à desertificação rural. Esta iniciativa reúne mais de 70 livrarias.    Em Becherel há 12 livrarias para além de artesãos ligados ao mundo do livro. Nas livrarias encontramos livros de diverso tipo, autores, editores e língua. O que não encontramos – ou pelo menos não vi – são os livros dos famo

Harry Potter and the Cursed Child, J. K. Rowling - John Tiffany e Jack Thorne (Little, Brown and Company)

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    Era inevitável que eu lesse este livro assim que ele ficasse disponível. Afinal de contas, sou total e completamente da geração Harry Potter – original! Comecei a ler a saga quando ainda só existiam dois ou três livros e ainda não tinha acontecido o Boom e Loucura HP. Aguardei (im)pacientemente por cada novo livro, encomendado ainda antes do lançamento para garantir que o tinha nas mãos poucos dias depois do mesmo. Saber que a história ia continuar, mas apenas na forma de peça, foi um duro golpe. Mas claro que teriam de disponibilizar o guião e, mais uma vez, o livro estava encomendado antes do lançamento oficial.       Mas falemos do livro propriamente dito. Vou abster-me de fazer qualquer tipo de “spoiler” no próximo parágrafo, para dar apenas a minha opinião sobre o livro, mas fica o aviso que, para quem ainda não leu e não sabe a história – e quer manter as coisas dessa forma até ter oportunidade de ler ou ver a peça – os parágrafos seguintes já desenvolvem qualquer coisi

Under the Dome, Stephen King (Hodder)

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    [em português “A Cúpula”, editado em dois livros pela Bertrand Editoria]     Continuando a saga dos livros em inglês, atrevi-me a ler este romance de ficção científica de quase 900 páginas do autor Stephen King. Foi a minha estreia com um escritor que sempre considerei escrever coisas demasiado negras e tenebrosas. A curiosidade pelo livro surgiu na sequência de assistir à série com o mesmo nome, da qual tanto o autor como o Steven Spielberg eram produtores executivos (a série foi cancelada ao fim de três temporadas). Gostei bastante da série, mais do livro – como é habitual e só não acontece em muito raras exceções - mas, como o próprio autor comenta num comunicado , série e romance devem ser considerados como realidades paralelas. A verdade é que, excetuando uma ou outra personagem semelhante, a história, e o seu desenrolar, são completamente distintos.     O autor já tinha tentado escrever este livro muitos anos antes da versão definitiva que saiu em 2009, numa tentativ

Irène, Pierre Lemaitre (Clube do Autor - Editora)

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  Cheia de vontade de ler um policial, o que me acontece com alguma frequência, entrei numa livraria e encontrei este livro, Irène de Pierre Lemaitre, de quem li recentemente o apaixonante livro Até nos Vermos Lá em Cima.     Se tivesse começado por ler este livro provavelmente não seria levada a ler outro livro do mesmo autor, mas foi o contrário. Até nos vermos lá em cima é um livro extraordinário, pela história que narra, pelas descrições que faz, pelas personagens que junta na aventura de sobreviverem no pós I Guerra Mundial e, de facto, notava-se no livro a marca do escritor de policiais. Mas confesso-me relativamente desiludida com a leitura deste livro, Irène.      Irène, que dá o nome ao livro, é a mulher de Camille Verhoven, comandante da polícia que mede apenas 1,45 de altura. Não procurando a leitura de policiais pelo suspense fiquei logo surpreendida pelo resumo que é feito na badana e que praticamente desvenda tudo: Aqueles que poderiam ajudar a encontrar o crimi

Devices and Desires, PD James (Penguin Books)

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    [Edição em inglês. Não consegui encontrar a correspondência em português...]     Em busca de livros em inglês, para treinar para um exame (que ainda está por fazer), decidi experimentar este policial da P. D. James, uma das autoras do género favoritas da minha mãe. Confesso que não é um estilo que adore, apesar de saber bem ler um policial de vez em quando.     Neste livro em particular, o Comandante Adam Dalgliesh vai passar uma temporada a uma vila a norte de Norfolk, por ter recebido um moinho de herança por parte de uma tia com a qual passara a infância. Cedo percebi que este livro deverá fazer parte de uma série de policiais cujo investigador principal é este Dalgliesh - vamos sabendo algumas coisas sobre a vida dele, mas sente-se a falta de acompanhamento por não ter lido os livros anteriores,     Apesar de não estar em serviço, o Comandante vê-se envolvido num cenário de crime complexo: a região está a ser alvo de ataques por um assassino em série, conhecido por Whi

De quanta terra precisa o homem e outros contos, Lev Tolstói (Relógio d'Água)

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    Como sempre, parto para férias com a convicção que vou ter muito tempo para ler e, por isso, carregada de livros, muitos dos quais regressam a casa por ler.      Comecei a leitura de férias deste ano com este livro De quanta terra precisa o homem e outros contos e o tempo que levei a concluí-lo não resultou apenas da falta de tempo para o ler mas também da falta de vontade de pegar nele e continuar a leitura. Com exceção do primeiro conto, Polikuchka, os restantes são contos que Lev Tostói escreveu nos anos oitenta do século XIX e a grande maioria já no século XX, poucos anos antes da sua morte.      Do que conheço da vida do autor, reforçado pela nota da badana, extraída de Aulas de literatura russa de Vladimir Nabukov, estes contos correspondem à segunda parte da sua vida:     Em finais de setenta, já passado dos quarenta anos, a sua consciência triunfou: o ético ultrapassou o estético e o pessoal, e levou-o a sacrificar a felicidade da mulher, a pacífica vida familiar e

Somos o esquecimento que seremos, Héctor Abad Faciolince (Quetzal)

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    O João trouxe este livro quando foi à Colômbia. Foi-lhe recomendado o autor, Héctor Abad Faciolince, e este livro em especial, que ele comprou na versão original , El olvido que seremos, mas que não consegui ler. Cativada pelo pouco que tinha lido, decidi comprar o livro em português Somos o esquecimento que seremos.     Sabemos logo ao iniciar o livro que se trata de uma homenagem ao pai do autor:     É um dos paradoxos mais tristes da minha vida: quase tudo o que escrevi foi escrito para alguém que não me pode ler, e mesmo este livro não é mais do que uma carta a uma sombra.            E duas folhas depois, nova dedicatória, desta feita uma citação de Yehuda Amijai:     E, por amor à memória, trago sobre o meu rosto o rosto do meu pai.     O livro está dividido em vários capítulos e partes e, através de uma quase autobiografia, o autor vai contando a história da família, composta por dez mulheres, um menino e um senhor, a que junta depois os avós, tios e demais fam

Os Anjos Morrem das Nossas Feridas, Yasmina Khadra (Bizâncio)

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    Comprei este livro de Yasmina Khadra na Feira do Livro, pouco tempo depois de ter acabado de ler O que o dia deve à noite . No stand o vendedor conhecia bem este autor e aconselhou-me a trazer mais livros dele, o que não fiz e já estou arrependida. Yasmina é um excelente contador de histórias a que alia uma escrita realista mas poética.     O cenário é mais uma vez a Argélia, no período entre as duas guerras e o livro inicia-se com os últimos momentos de um condenado à morte. Chama-se Turambo e tem 27 anos. Não sabemos porque foi condenado. Que crime o conduziu até ali. Neste monólogo inicial praticamente não há espaço para o passado, apenas vislumbramos alguns nomes ou locais. E o medo.     Depois desta curta abertura inicial, o livro divide-se em três partes: Nora, Aida e Iréne, as mulheres que Turambo amou. Turambo deve o seu nome à aldeia onde nasceu e que foi destruída por trombas de água. Turambo e a família partem para Graba, sem o pai que crêem morto. Mekki, o t

Imperatriz, Shan Sa (notícias editorial)

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        O livro Imperatriz, emprestado pela Rita, que aprecia muitíssimo a escritora e este livro dela em particular (e o tradutor, Gonçalo Praça, pela tradução e por muitas outras razões) seduziu-me mas não me apaixonou. Não sei como explicar, mas determinadas passagens pareceram-me demasiado longas, os nomes de muitas das personagens sucediam-se e nalguns casos tinha dificuldade em me recordar se se tratava de um filho, um sobrinho, um general, um eunuco... (se calhar uma árvore genealógica teria facilitado a leitura) e depois incomodou-me não saber o que era verdade (provavelmente pouco para além da própria personagem) e o que era ficção.      Feitos estes apartes, o livro é fascinante. Poderíamos ser levados a acreditar que no século VII, na China, as mulheres disputavam e exerciam o poder, mas no livro é lembrada a afirmação de Confúcio " Uma mulher envolver-se na política é tão escandaloso como uma galinha pôr-se a cantar no lugar do galo". E de facto, o caminho

Au revoir là-haut, Pierre Lemaitre (Albin Michel)

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     O que tomei como um desafio, ler um livro em francês com quase 600 páginas, tornou-se uma obsessão. Cada dia era mais difícil interromper a leitura.      O livro divide-se em três partes: novembro 1918,  novembro 1919 e março 1920 e acaba com um curto epílogo.     A primeira parte desenrola-se nos últimos dias da 1ª guerra mundial, a dias do armistício em que poucos soldados acreditam. Aliás o livro começa com a seguinte afirmação: Todos os que pensavam que esta guerra acabaria em breve estavam mortos há muito tempo. Mas se a expetativa do armistício pode conduzir à inércia e paralisar as partes em presença é também o momento em que os chefes querem ganhar o maior terreno possível de forma a apresentarem-se em posição de força à mesa das negociações.     E é nesse ambiente que os soldados do 113, comandados por um ambicioso oficial - d'Aulnay-Pradelle - aristocrata, pobre mas ambicioso, atacam. O que acontece nesse combate, que se desenrola contra os alemães, mas na re

Feira do Livro de Lisboa 2016

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    Faltam poucas horas para acabar a 86ª edição da Feira do Livro de Lisboa. Este ano fui à Feira três vezes e em todas elas subi e desci os dois lados da Feira. Não fui mais vezes porque não pude.      Já não são novidades a hora H nem sequer a oferta gastronómica variada (ainda mais alargada este ano, pareceu-me) nem a restante programação, que contribuem para o rejuvenescimento e sucesso da Feira.      Mas, acho que o prazer que senti este ano teve a ver com a memória que tinha das Feiras do Livro da  minha juventude, em que palmilhava pacientemente o Parque Eduardo VII e em todos os stands procurava os livros a preço de saldo.      Este ano comprei vários livros, alguns que procurava, outros de autores que já conheço e todos por 5 euros ou menos. Só tive pena de não poder ir lá mais vezes. Fica para o ano.